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todos os números.

 


. façam de conta que eu não estive cá .






esta tarde tinha tudo para chover. havia preparado as nuvens, o vento, o vergar das árvores. esta tarde tinha tudo para chover, e não chovendo, morrera. o pescoço ao laço preso, no galho, branco. o corpo no peso do sangue parado, na boca o beijo, nudez, silêncio preso, o beijo que havia construído na carne e no osso. esta tarde tinha tudo para chover, a promessa, um regresso, a face morta nas mãos, tudo. havia preparado as flores, os rios, os pássaros. não chovendo, morrera. como feto curvado ou fungo seco. corpo esticado, caule hirto, nascido há pouco. e não chovendo, morrera.




 
Autor
Margarete
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Enviado por Tópico
Alexis
Publicado: 06/04/2010 21:19  Atualizado: 06/04/2010 21:19
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 Re: todos os números. para mar
tudo para chover e mesmo assim essa aridez brutal.como um desperdício de vida.

olha...as tuas palavras fazem do texto um terreno fértil sempre.

beijinho, amiga.espero rever-te em breve,num destes dias de primavera.
alex

Enviado por Tópico
Moreno
Publicado: 07/04/2010 00:02  Atualizado: 07/04/2010 00:02
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 Re: todos os números. à mar
chove aos teus dedos a metáfora do corpo, onde as imagens ganham vida.

um beijo