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A Criatura II – Final

 
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A Criatura II – Final
by Betha M. Costa

Sem contato com outros seres humanos *Ailã foi criado em completo isolamento. Aos cinco anos de idade já demonstrava desprezo pela vida: matava pintinhos da criação da mãe com requintes de perversidade.Primeiro furava-lhes os olhos com gravetos.Repetia o ritual pelos corpos.Sugava o sangue e depois de lhes torcer os pescoços, pendurava os cadáveres num arbusto como ornamentos de uma sombria árvore de natal.

Quanto mais crescia mais aumentava sua maldade e insensibilidade. Passou a incendiar roçados, torturar, matar ou aleijar animais. Era capaz perseguir sua presa por quilômetros nos arredores ou na mata.Jamais perdia o rumo, por que era parte daquela terra bela e selvagem.

Aos quinze anos, corpo coberto de pelos, um metro e oitenta centímetros de altura e olhar que causava pânico até nos pais; além de beber o sangue começou a comer carne crua.A vizinhança falava de um “bicho” que atacava seus roçados e suas criações, aleijava e matava seus animais. O medo alastrou-se.

As crianças ficavam trancadas nas casas.Os adultos iam para as lidas armados e atentos a quaisquer alterações.

Dona Flora era devota de São Jorge. Na madrugada do dia 23 de abril, dia do santo, o Guerreiro apareceu para ela. Levou-a pela até a beira de um rio de areias finas e brancas. No local havia um imenso crucifixo e ardia uma fogueira que tinha chamas com as cores do arco-íris.São Jorge perguntou a mulher se ela acreditava em Jesus como seu Salvador e o Bem Supremo.Respondeu que sim.

De repente surgiu Ailã gritando todo tipo de blasfêmias e imundícies enquanto vomitava animais asquerosos. O Santo entregou a Flora uma espada parecida um crucifixo e ordenou que fosse atirada no peito da “Criatura”.A mãe retrucou que não podia fazer aquilo a quem havia dado a vida.Foi advertida que exatamente por isso só ela lhe libertaria.Tomada de sobrenatural coragem ela lançou a espada bem no meio do peito da criatura.Imediatamente dezenas de sombras disformes, aos gritos abandonaram o corpo no chão que passou por inacreditáveis transformações até dar feições a uma bela jovem morena, a verdadeira filha de Flora.A menina fora oferecida ao Demo por seu marido Gumercindo durante a gravidez.

*Ailã - na língua indígena Macuxi significa entidade mítica.

 
Autor
Betha Mendonça
 
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Enviado por Tópico
mariagomes
Publicado: 26/05/2010 18:08  Atualizado: 26/05/2010 18:08
Colaborador
Usuário desde: 18/04/2010
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Mensagens: 1614
 Re: A Criatura II – Final
Olá querida amiga, a criatura pelo menos teve um final melhor do que este tempo entregue ao Demo, depois de tantas provações, gostei de acompanhar esta história.
beijinhos
mariagomes


Enviado por Tópico
Gyl
Publicado: 26/05/2010 22:05  Atualizado: 26/05/2010 22:05
Usuário desde: 07/08/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 16075
 Re: A Criatura II – Final
Ui! Que medo!

Foi fantástico o modo frio do narrador. Deu um climax a mais nesse texto rico em imagens (medonhas) e cenários. Beijinhos encantados!