Prosas Poéticas : 

Escolhas

 
Com a idade vão se acumulando as manias.
Enfileirando-se as cobranças e justificando-se a falta de companhia.
Uma desculpa que se enquadre na lacuna existente.
Um perdão para a carência.
Sem que percebamos vão se formando e informando os motivos da exigência e da culpa.
Seletistas vamos correndo o risco de implodir.
Solitários e vazios.
Vencidos e cansados da espera, optamos pelo comodismo do conformismo.
E sem escolhas, vamos enraizando uma tendência ao abandono.
Praticantes sigilosos e taciturnos.
Comedidos ou extravagantes.
O que foi sonho por toda vida, torna-se um pesadelo crescente e incomodo.
A desigualdade do sentimento vai mexendo com a libido e assim, vamos gradativamente, tornando-nos prisioneiros de nós mesmos.
Quando milagrosamente abrimos os olhos para dentro, o amor já deu partida e lacrou o coração.
Fica então, uma saudade frágil, uma pontada crônica, uma insatisfação...
Como se a vida não tivesse tido nenhuma representação.







 
Autor
Mari Saes
Autor
 
Texto
Data
Leituras
1987
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