Sonetos : 

MEUS SONETOS VOLUME 014

 
Tags:  Marcos Loures Sonetos  
 
1301

Além de tudo aquilo que buscamos
A vida não se mostra sempre cega
Enquanto noutras sendas entranhamos
O barco da ilusão, amor navega

Estrela se declina sobre os ramos
E em plena fantasia não sonega
O brilho que em belezas encontramos
Traduzindo em verdade rara entrega.

Amor ao demonstrar os seus sinais
Ancora uma esperança em nosso cais
Mudando todo o rumo destes ventos.

Perfumas alegria pela casa
E toda esta emoção que nos embasa
Permite mais felizes pensamentos...



1302


Além de uma paixão que é fátua; eu tenho
Por ti um sentimento bem mais forte
Capaz de nos mostrar um novo norte,
E proteger nas sendas que eu embrenho.

Por isso é que em meu verso agora eu venho
Falar do nosso amor, firme suporte,
Que traz ao coração um manso aporte
No qual esta esperança tem empenho.

Falar do quanto eu quero estar contigo,
Contando com teus braços como abrigo
Sabendo da amizade que nos une.

Eu te amo e nada pode mais calar
A força que entranhando devagar
Não deixa a solidão ficar impune.


1303


Além deste desejo, compartilho
Amor tão delicado e sonhador,
Não vejo neste mundo um empecilho
Que possa já conter o nosso amor.

És Afrodite e Amor, dileto filho,
Que em setas, anjo bom e tentador;
Ao ver o quanto em ti me maravilho,
Me fez de teu olhar adorador.

Nos sonhos mais gentis, estás presente,
Não deixo de pensar um só minuto,
Minha alma ao te rever, cedo pressente

O quanto és importante para mim,
Que seja assim bendito esse bom fruto
Que é feito da alegria imensa. Enfim...


1304


Além deste horizonte imaginário
Aonde a lua surge em plenitude,
Dos sonhos mais felizes um açude,
Caminho que desejo, belo e vário.

O amor quando demais e solidário
Permite que se veja a juventude
Bem mais do que eu sonhara e mais que pude,
Deixando o meu destino, solitário.

Embaralhando pernas, pensamentos,
Eu quero sem limites os momentos,
Vivendo na perfeita comunhão

Com quem sabe os segredos desta vida,
Mostrando com carinhos a saída,
Vencendo em calmaria, o furacão...


1305


Além deste horizonte que hoje vejo,
Montanhas tão longínquas, ouço a voz
Que entranha meus ouvidos num atroz
Resquício do que outrora foi desejo.

Perdido sem destino, entregue ao pejo,
O amor este temível, duro algoz,
Tortura quando invade e vem veloz,
Carrasco que se mostra mais sobejo.

Meu peito em pleno alerta não consegue
Cessar a força intensa que prossegue
Atando nos meus pés frios grilhões.

Depois de tantos erros, aprendi?
Que faço se me entrego então a ti,
Matando o que restara de ilusões...


1306


Além deste horizonte se permite
Um raro amanhecer em luzes fartas,
Enquanto a poesia já descartas
O amor não ultrapassa o seu limite.

Não tendo quase nada em que acredite,
Guardando em minha manga algumas cartas,
Desejo num segundo que tu partas,
Porém a mão segura e quer que evite

A tua debandada em outras brenhas,
E pede que, retornes e que venhas
Trazendo os teus sorrisos costumeiros.

Teu gosto permanece nos meus lábios,
E perco, timoneiro, os astrolábios
Errante mergulhar despenhadeiros...



1307


Além deste universo, além da morte,
Vagar pelos escombros do que fui,
A vastidão esconde o velho corte,
O sangue apodrecido, agora flui.

As mãos que sempre empunham a velha arma,
As mesmas que acarinham o meu rosto,
Viver em solidão além de um karma,
Deixar o peito aberto, amargo e exposto.

Perenes desventuras, me acostumo...
O riso em ironia não bajula,
Procuro no vazio rota e rumo,
Imensa esta volúpia feita em gula...

Metálicos sorrisos são avisos
Do fim que se aproxima em toscos guizos...


1308


Além do japonês tem alemão
Suíço, até francês nesta parada,
Não quero então ficar assim na mão
Depois de tanto tempo, sobra nada.

Estranhos os meandros da paixão,
A gente mal mergulha, perde a estrada
Cevando com carinho cada grão
Plantando este centeio vem cevada.

Eu sei que toda flor tem seus espinhos.
Quentão sempre precisa de gengibre
Problema, meu amor é o calibre.

Eu soube de outras fontes que este cabra
Não usa pra arrombar nem pé de cabra
Meus dotes, disto eu sei, pequeninhos...



1309


Além do pensamento e do sentir,
O amor vai pouco a pouco me elevando,
De um sonho que se fez outrora brando,
Vislumbro um Paraíso no porvir.

Podendo desde sempre pressentir
O templo em alegrias se formando,
No corpo da mulher desabrochando
Vontade de tocar e repetir.

Mirando o teu olhar, minha alma lê
Fantástico caminho em que se vê
Um tempo de alegrias tão imensas.

Meu corpo se entregando, vou inteiro,
De todos os prazeres, timoneiro
Roubando da alegria, as recompensas...


1310


Além do que a saudade reproduz
Eu necessito sempre o que há em ti
Não digo que meu rumo eu já perdi
Apenas o teu rastro me conduz.

Não quero carregar pesada cruz
E nem saber o que jamais eu vi,
Ao penetrar um sonho amargo aqui
Nas mãos que acarinhavam; um obus.

O tempo traz ciladas disso eu sei,
Palavras são as armas preferidas
Eu estarei contigo noutra grei

Mesmo sabendo que não queres mais
Encontro a claridade em nossas vidas
Embora eu saiba, não terei um cais...



1311


Além do que fizemos ou sonhamos,
Os jardins da esperança, um amor rega,
Por mares tão distantes navegamos,
Paixão que nos domina louca e cega.
Alegrias, tristezas; encontramos.
Amor que sem limites não se nega.

Tantas vezes distantes deste cais,
Os barcos em tempestas, num naufrágio,
Entregues aos terríveis temporais,
Momentos tão difíceis, peito frágil,
Porém amor tão forte foi capaz
De permitir a fuga e bem mais ágil

Recorrendo ao canteiro da esperança
A liberdade em flor, mais cedo alcança...


1312


Além do que pensamos que amor fosse
Num átimo desvenda os meus segredos,
No canto que me encante e me remoce
O doce de viver afasta os medos.

Meus credos já deixados no passado,
Em meio às mais insanas inverdades.
Agora em placidez sigo ao teu lado
Rompendo da gaiola, velhas grades.

Amar e ser feliz, o que me resta.
E nada mais procuro em minha vida,
Da solidão amarga, faço a festa
Enquanto a morte dorme, distraída...

Lamentos esquecidos, relegados,
Os sofrimentos mortos, renegados...


1313


Além do que pensara, até sabia,
Não tenho mais o olhar da ingenuidade
Querendo me inteirar do que não via
Havia a poesia sem verdade.

E o beijo da mulher já não sacia,
Romper dos preconceitos qualquer grade,
Lastimo o que restou da fantasia
Jogada nos esgotos da cidade...

Serrando estes andaimes, salto o prédio,
E morro muitas vezes, sem remédio
No tédio inestimável de um poema.

Pereço nas esquinas e botecos,
Os dias não seriam repetecos
Da fome que destrói do sonho, a gema...


1314

Além do que sonhei que já tivesse
Do encanto que se fez contentamento.
É como se deveras, numa prece,
Amor de dores fosse assim isento.
Porém o duro Fado não esquece
Sequer por um segundo ou um momento.

Às ordens deste amor, estou sujeito,
E assim se fazem cantos mais diversos.
Professo mesmo embalde o meu direito
Na busca da alegria nestes versos.
Tu queres e bem sabes que eu aceito
Oferecendo a ti meus universos.

Enganos proferidos sem descanso,
Teu mundo que procuro e não alcanço...


1315



Alguém gritando ao longe, grito forte,
Envolto nas penumbras, tanto frio.
Se meu olhar seguisse esse teu norte,
O mundo não seria tão vazio...

Escuto cada vez mais forte o grito
Da voz que pouco a pouco reconheço.
Se meu amor não fosse tão maldito,
Talvez a salvação tivesse apreço...

A voz que tanto grita, alucinada,
Por um momento chego a confundir...
E foste, meu amor, na madrugada,
Deixando quase nada a repartir...

Agora reconheço essa aflição.
Eco de sua voz, meu coração...


1316


Alguém já viu um coração sangrar?
Rasgado pelas garras das paixões
Causando hemorragias sem parar,
Levado pelo ardor das emoções.

Na chama deste amor tento buscar,
Quem sabe encontrei as soluções?
Um sonho tão gostoso de sonhar
Trazendo em pleno inverno, bons verões.

Sabendo deste lume que me guia,
Estrela redentora em fantasia,
Deixando o meu caminho iluminado.

Mudando o meu destino, num rompante,
Detendo o sangramento, que estancado
Liberta um coração que foi sangrante...



1317


Algum sopro de vida ainda existe
Amortalhado amor segue seu rumo.
Enquanto em noite fria me consumo
O verso nascerá deveras triste.

Sem cais ou porto ao menos que se aviste
O tempo rei, senhor, o supra-sumo
Uma esperança esvai-se em fino fumo,
Vencida pelo medo, não resiste.

Eu quis amar demais, mas nunca pude
A seca vai tomando cada açude,
Mudança que previ, bem sei não veio.

E tento, mesmo inútil, ver razões
Que possam provocar revoluções,
Porém soçobra o sonho sem esteio...



1318


Alguma coisa a mais que uma esperança
Alguma coisa a mais que só carinho.
Alguma coisa a mais senão se cansa
E volto, novamente a ser sozinho...

Alguma coisa a mais que essa promessa
Alguma coisa a mais que meu soneto.
Alguma coisa a mais que essa conversa
Eu não te peço nada e nem prometo...

Alguma coisa a mais que poesia
Alguma coisa a mais que simples sexo
Alguma coisa a mais que fantasia.
Amar; tenha certeza, é bem complexo...

Se queres ser assim, ó doce amada
Com certeza serás m’a namorada!


1319

Alguma coisa a mais que uma esperança
o coração buscando em desafio
E quando se aproxima um novo estio
Meu passo noutro rumo ora se lança

E o canto se desenha em rara dança
Moldando o que pudera e assim desfio,
Descendo em sutileza o raro rio
Gerando a cada curva a confiança.

Mergulho nos teus braços e sou teu,
Meu mundo no teu mundo se verteu
Fazendo deste amor nosso estuário

E o tempo se aproxima deste eterno
Cenário aonde o mundo em paz externo
E vivo o sonho raro e solidário.



1320


Algumas vezes jóias lapidadas
No ourives predileto, o coração,
Se mostram quase sempre iluminadas
Mas outras vezes negra escuridão.

Tiaras, gargantilhas ou anéis
Rubis ou esmeraldas, perla ou jade,
Assim amores feitos mais fiéis
Durando por quem sabe eternidade.

Opalas, turmalinas e corais
Dourando minha vida em teu abraço.
Nos teus cabelos brilhos, sempre mais,
Acaricio e assim desembaraço.

No fundo em tanta jóia, em tal matiz,
O que mais quero, amor é ser feliz!



1321


Algumas vezes tive o sentimento
De que nunca gostaste assim de mim.
Nas horas mais difíceis, no tormento,
Cravavas tuas garras, ‘té o fim.

Achava isso terrível covardia,
Queria uma palavra de carinho,
Mas vinhas afiada, todo dia,
Deixando-me pensar que sou sozinho...

Querida companheira, me perdoe,
Eu sinto que fizeste todo o bem.
Quem ama, não se importa quanto doe,
A verdade não se esconde de ninguém.

Por isso, cada vez mais te desejo.
As lágrimas que deste, como um beijo...


1322


Alheio aos disparates que propagas,
Estúpido fantasma de si próprio,
O mundo não trará em dores pagas
A quem se mostra sempre tão impróprio.

Dos ópios que procuro e experimento
Opalescentes céus não satisfazem,
Se à luz de meus desejos ainda tento,
Verdades tão inúteis sonhos trazem.

Ouvir da voz do vento este chamado,
Escarro sobre os vermes que me deste,
Não quero mais meu verso disfarçado,
Nem mesmo me entregar à louca peste

Vestida de imbecil que me atormente,
Que morra este idiota, vil, demente...



1323


Alheio aos mais temíveis sentimentos,
Vaguei pelas calçadas da ilusão.
Por vezes, esboçava movimentos
Tentando me afastar da tentação.

Embora noutros braços, os ungüentos
Traziam uma outra forma de emoção
Depois de certo tempo, vis tormentos,
E à noite, novamente escuridão...

Pudesse decifrar os teus sinais
E a vida talvez fosse diferente.
Envolto nos lençóis, amor pressente

Movimentos audazes, sensuais,
Forrando nossos sonhos plenamente
Adentra o coração, saltando umbrais...



1324


Alheio às tempestades, nada temo,
Sequer os maremotos que virão.
Às portas que se fechem, solidão,
Eu teimo e navegando encontro o remo.

Nos olhos da ilusão; fogueira e Demo,
Permissivos em busca do perdão,
Os passos se perdendo na amplidão,
Os medos e temores, enfim cremo.

E cato os estilhaços, me refaço,
O amor que cometemos; tão devasso,
Não deixa que se arrumem mais pecados.

Eu vejo no céu riscos azulados,
Fogos fátuos, demônios disfarçados.
As sombras me perseguem passo a passo...



1325


Alheios aos tormentos da paixão,
Seguimos pareados; vida afora,
Brindemos com volúpia esta emoção
Que envolta em nossos sonhos, cedo aflora.

Cedendo pra avançar noutro momento,
Sabemos do caminho, com certeza.
Estando a cada dia mais atento,
Superaremos sempre uma surpresa

E erguendo os nossos olhos no horizonte
Aprendo a navegar em mar revolto.
Por sobre as turvas águas, criar ponte,
Mantendo o coração liberto e solto.

O amor que construímos; a ancoragem
Que é feita dia-a-dia: aprendizagem..



1326


Alice no país das falcatruas
Pensava ser a moça mais gostosa
Das bundas/melancias, orgulhosa
Mostrava suas carnes semi nuas.

Enquanto se vendia pelas ruas
A moça tão vazia quão cheirosa
Ao mesmo tempo insípida e formosa
Sonhava com paixões que fossem suas.

Depois dos botequins, tantos motéis
As noites se passando em carrosséis
Pensava em maravilhas que não vinham.

Do amor que se alugava, nas revistas,
As mesmas asneirices e entrevistas
Retratos culturais, assim continham...


1327


Alijo-me dos sonhos, sigo em frente;
Talvez eu merecesse melhor sorte,
Sem ter das ilusões qualquer aporte
Quem mais promete; aquele que mais mente.

Poeta me dizia: sempre tente,
A vida cicatriza um velho corte,
Fazer do sofrimento o seu esporte
Soldado um dia chega até tenente.

Com pulso firme e sangue frio é fácil,
Estúpido é quem deixa-se levar
Pela alma que cordata ou mesmo grácil

Envereda por mares mais gentis,
Apagando as estrelas e o luar
Quem sabe; finalmente sou feliz.



1328


Alinhavando os sonhos e vontades
Amor vai construindo um novo dia.
Ligando ponto a ponto, a fantasia
Trará ao fim da tarde, as claridades.

Enquanto em maravilhas tu me invades,
Tecemos nosso amor com poesia,
Própria magnificência já cerzia
Rompendo do passado, velhas grades.

Assim, num arremate em perfeição
A glória deste encanto, sedução
Trazendo em profusão, cetins e sedas.

Adentro os teus segredos noite afora,
A lua soberana, o céu decora
Deitando sua prata nas veredas....



1329


Alio meu amor ao teu carinho
E assim viajo ao céu em um momento.
Queimando em fogo ardente, eu já me alinho
Ao canto que me dás em forte vento.

Sou teu, nunca neguei quero o teu ninho,
Deitado no teu colo, um sentimento
Aonde com fulgor vou de mansinho,
Queimando em fogo intenso cada intento

De ter teu corpo atado junto ao meu,
Dois caminheiros sabem da partilha
Da vida que mostrara-se andarilha

E agora nos teus braços conheceu
A luz que me dá força pra viver,
Delicioso amor, nosso prazer...



1330

Alio meu amor ao teu carinho
e sigo sem saber de outro momento
E quando o coração exposto ao vento
No tempo mais audaz eu adivinho

Vertendo este sentido em desalinho
Apenas um cenário em paz eu tento,
Vestindo a solidão, sempre alimento
Amor em tom atroz, feroz, mesquinho

E morto em plena vida, nada resta
Sequer o que pudesse ser a fresta
Por onde percebera qualquer luz

Depois de certo tempo nada vejo,
Somente o desdenhar de algum desejo
E o tempo na verdade ao não conduz.



1331


Alíquotas de glórias divididas
Por mais de cem mil anos, te busquei.
Decerto percebi que tu duvidas,
Mas tenho nos teus olhos, minha grei.

Bruxuleante vela que apaguei
Fechando dos meus passos, a saída.
Estúpido fantasma que criei
Aguarda nova sorte noutra vida.

Inglório, sem saber sequer do fim,
Afim de ter, talvez, uma emoção
Que justifique, ao menos a intenção

Florindo sem se rir do meu jardim.
As jarras que partiste, ainda tenho
Mostrando este irrisório desempenho...



1332


Alíquotas sensíveis repartidas
Entre milhares sonhos e verdades,
Ao ver proliferarem liberdades
Percebo que valeram nossas vidas.

Servis jamais seremos, as saídas
São feitas de maiores claridades,
Não posso suportar algemas, grades,
A mão que nos fascina nega Midas.

Sem ilhas; continentes dão a tônica,
A Terra quando em voz clara e harmônica
Talvez trague no fim, a redenção.

Usando como mote os Evangelhos
Do antigo Apocalipse, os joelhos,
Erguidos com olhares na Amplidão...



1333


Alívio para a dor de quem sofreu,
O amor jamais se cala, simplesmente
Vivendo esta alegria plenamente,
Eu quero a cada dia ser mais teu.

Enquanto em mar suave se verteu
O gozo desta vida em que se sente
A força sem igual, rara e premente
De ter o que sem rumo, se perdeu,

Deixando no passado velhas mágoas,
Rompendo tais barreiras fortes águas
Adoçam oceanos com carícias.

Do amor que nos guiando já suplanta
Uma alma transbordante em glória tanta
Expressa em poesia estas delícias...



1334


Alma não morre, nunca morrerá;
A eternidade da alma de um poeta
Que sempre pelo mundo vagará,
Na poesia um sonho se completa,

Com toda força eterna brilhará
Mostrando como a vida é tão dileta,
Eternizada na alma, ficará.
Numa eterna emoção. Viva e repleta.

Na fantasia e sonhos, mundos tantos...
Na alegria e na dor, quantos encantos.
Nesta alma que se eleva sobre nós...

Nos laços que nos unem, tantos nós;
No medo e na incerteza, estamos sós,
Sinceros e reais, os nossos prantos...



1335



Almejo a liberdade redentora
Qual pássaro canoro em migração.
O verso em lantejoula te decora,
Rasgando num momento esta emoção.

O quanto que te quero sempre aflora
A cada novo dia ou estação,
Abrindo o peito à sorte, vem agora
Fugindo da armadilha em alçapão

Prazeres e desejos são indômitos
Deixando os pensamentos quase atônitos
Nos recônditos da alma cada traço

Permite me falar do amor sincero
Que a cada novo dia sempre espero
Na senda tão suave que assim traço...



1336


Almíscar de tua alma inebriante,
Nas lentas sensações desse carinho.
Divago por caminho extasiante,
Emergindo do sonho, mar e vinho...

No ancoradouro quero meu saveiro,
No cais destes teus braços tão macios...
Esteio do meu barco. Derradeiro...
Desejo de fugir dos ventos frios...

Eu te amo tanto, tanto quanto posso.
Talvez mais que a mim mesmo, não duvido.
Quando estou contigo, me remoço,
Esqueço tanto porto já perdido...

Impregnado de pura juventude,
Amor que se renova em atitude...



1337


Almíscar: meus desejos, teu perfume;
Penetrando as narinas, me conquista.
E não há, na verdade, quem resista,
Nem quero e nem concebo mais queixume...

A vida sem teus olhos, não tem lume,
Meu caminho se perde. Não desista:
Grito contido, perco-te de vista.
Mas teu olor suave, qual costume,

Denuncia teus passos, minha amada...
Não perderei jamais a tua estrada,
Nem quero mais sentir outro desejo.

Teu perfume causando, nesse ensejo,
A doçura suave de teu beijo,
Presença do Senhor, glorificada...



1338


Almôndegas ao molho de tomate
Combate que não canso de lutar,
Enquanto no teu corpo um arremate
Gostoso de beber e de provar.

Aqueça esta mistura devagar,
Depois de sobremesa um abacate,
Cerzindo uma esperança de ficar,
O amor se mostra assim, bom alfaiate.

Mascate da ilusão, o velho peito,
Orégano, pimenta e manjerona
Depois deste banquete, satisfeito

Amor acende a chama do fogão,
Porém logo o desejo me abandona
A culpa é desta tal indigestão...



1339


Altares dos meus sonhos, são imensos
Imersos em vazios sentimentos,
Remeto meus desejos nestes ventos
Amparo tantas dores, alvos lenços.

Tantos fiascos tive, tempos tensos,
Nas lâmpadas das almas nos tormentos
Envolto pelas trevas, sofrimentos
Amores são meus templos tão intensos.

Os gládios que levanto na batalha,
As hastas empunhando sem temor.
O canto de terror quando se espalha

Conclama tantas vezes, nunca pensa.
Porém já me avisando que este amor,
No fim da vida traz a recompensa.

1340


Altares maltratados pelo gozo
Histriônico, audaz e sempre hedônico
Daquele que se fez maravilhoso
E morde um moribundo quase agônico.

Falar desta canalha é tão gostoso,
Não nego que isso seja só platônico,
Mas veja o quanto dói ser melindroso
Ou sinta a minha faca em corte harmônico.

Amar é ser liberto totalmente
De toda estupidez ou convenção,
Cravar na hipocrisia um fino dente,

Rasgando a carne em decomposição.
Beijar na boca fria da serpente,
E ter, além de tudo, compaixão!

1341


Altares que erigimos ao deus Eros,
Num cântico sincero; eternidade...
Sentidos e sabores, todos veros,
Sem faca nem adaga. Liberdade.

Parceiros e comparsas, corpos, pele...
Deixando os viperinos malquereres
Que a cada novo verso se revele
A plenitude em sonho de dois seres...

A par do que queremos; nada cessa
Força quase vital que nos comanda
Com vital magnitude se professa
Repleta o peito amante que, de banda

A cada passo expressa e denuncia
Aquele a quem a vida se anuncia...



1342

Altares que erigimos ao deus Eros,
Num cântico sincero; eternidade...
Sentidos e sabores, todos veros,
Sem faca nem adaga. Liberdade.

Parceiros e comparsas, corpos, pele...
Deixando os viperinos malquereres
Que a cada novo verso se revele
A plenitude em sonho de dois seres...

A par do que queremos; nada cessa
Força quase vital que nos comanda
Com vital magnitude se professa
Repleta o peito amante que, de banda

A cada passo expressa e denuncia
Aquele a quem a vida se anuncia...



1343




Alva, vinhas; veloz alvorecer...
Beijo embarco na bela doce boca...
Trago o tato, temi tirar a touca
Adoço o sonho, quem me dera ser!

Não sei se sabes sinto não saber,
Aporto portos pútridos. Espoca
O meu medo, penedo a percorrer.
Meu trabalho foi falho, fel desloca!

O rombo dos arroubos foi rebento.
O traço dos meus passos foi errado.
Varais, vestidos, vértices do vento...

O que não sei serei ou desfaço...
O canto que cantei nunca encantado.
O resto que traguei, um simples traço!


1349

Alva maravilha em noite rara
A lua se desenha; bela prata
O sonho mais audaz já me arrebata
E a sorte se desenha e me tocara,

Vagando sem sentido, desampara
A sorte que deveras nos maltrata,
A vida muitas vezes mais ingrata
Matando o quanto quis desta seara.

Mas quando percebendo a sertaneja
Rainha dos meus sonhos clara e nua,
Delírios invadindo, a deusa nua

Além do que pudesse e se deseja
Desenha nestes céus trilho diverso
E doma sem sentir todo universo.



1350


Alvíssaras ao belo e raro amor
A florescer em sonhos e delírios
Encantadora e frágil, esta flor
Se faz em rosas, dálias, jasmins, lírios...

Eternidade feita encanto e festa
Florindo a cada verso, amor sereno
Enaltecendo a vida, em si já gesta
Um gesto de alegria; vivo, aceno

Na vibração conjunta, um diapasão,
Orquestrando o futuro em paz e gozo.
Arpejos e sonatas, coração...
Deixando para trás mar revoltoso...

Canteiros e quintais, beirais, sobrados;
Aramos esperança, enamorados...



1351


Alvíssaras ao louco trovador
Que canta e que decanta sem descanso
Em versos de amizade mostra amor
Que em sonhos delicados eu alcanço
Um coração só mostra seu valor
Quando nos traz a paz feita em remanso.

Outrora em serenata ou madrigais,
Os bardos imploravam com destreza
Louvando uma amizade feita em cais,
Rompendo a madrugada na incerteza
Do amor que talvez fosse nunca mais,
Porém em canto livre tal pureza

Que mesmo que distando tantas léguas
Às guerras e desgraças trama tréguas..



1352


Alvíssaras aos sonhos delicados
Ourives da esperança, belo amor,
Cevando em alegria, cada flor,
Adorna com magia, raros prados.

Não quero tão somente os altos brados
Somente a liberdade do condor,
Por sobre as cordilheiras te propor
Caminhos em ternuras decorados.

Amar é ter a glória de saber
Colher os méis que a vida nos prepara
Deixando para trás cada ferrão.

Quem ama percebendo o seu poder
Por mais que a sorte seja dura, amara
Sabe polinizar o coração...



1353


Alvíssaras àquela que se exponha
E mesmo sendo frágil nada tema.
Rompendo sem saber qualquer algema,
Terá satisfação em ser risonha.

Uma alma que se entrega sem vergonha
Trazendo uma alegria como emblema,
Vencendo em calmaria algum problema
Deitando tão tranqüila sobre a fronha...

Quem crê sem perguntar, apenas crê
A Deus sem qualquer máscara já vê
E nisso se consiste eternidade...

O Amor quando se mostra sem medidas
Detém em suas rédeas nossas vidas
Sob égide sublime da amizade...



1354


Alvissareiro sonho em que me perco,
Vestido de horizontes tão diversos.
Das luzes e das trevas eu me acerco
Perdendo com certeza sons e versos.

O vento ao espalhar o farto esterco
Aonde tantas vezes vão imersos
Os dias onde as luzes não mais cerco
E vivo tão somente em grãos perversos...

A lida deste velho agricultor
Antigo jardineiro que do amor
Prepara a sementeira, dia-a-dia.

Adoçando os meus lábios, fantasia,
Na qual sinto o caminho redentor,
Porém a realidade cala, esfria...



1355


Alvissareiros dias que se foram,
Nas hordas dos amores, castidade...
As flores que plantamos se descoram,
Pois tentam encontrar eternidade...

Espinhos e torturas já se afloram,
Expostos aos riachos da saudade.
No lodo de minha alma rememoram
Um tempo mais feliz, tranqüilidade...

Imaculado gozo do guerreiro,
Nos colibris etéreos, pirilampos...
Sacrário desse amor, desfiladeiro

Por onde se perderam ilusões...
As cores outonais do belo campo,
Finas fragilidades, corações...



1356



Alvorada que busco, meu desejo..
Nos braços das estrelas, adormeço.
O canto que dedicas, não mereço,
O medo de morrer me enche de pejo!

Na palidez tristonha, nada vejo,
A vida me transmuda sem tropeço.
Espero fantasias, adereço,
Em meio a tempestades, peço um beijo!

Nos campos procurando uma açucena,
A cor maravilhosa da verbena
Encanta meus olhares, me alucino...

Por quantas noites vago solitário
Amor é sentimento em desatino.
guardado no meu peito, em relicário...



1357


Amada, com certeza, não se mede
Amor por horas tontas que passamos.
A porta que me fechas não me impede,
De termos divinais como sonhamos...

Vivemos capturados mesma rede,
O mar que poluímos não lavamos,
No canto que te canto vejo a sede,
Notícias, novidades, nos reclamos...

Amada, com certeza, não te quero.
Vendeste por tostão o que era nosso...
Refúgios que procuras, no teu clero,

São contas que não pago e nem endosso.
Transformas em venéreo o que venero,
Quebraste finos pratos onde almoço...



1358


Amada, minha ninfa, meu tormento
Verdade que se esconde sob a manga,
Das praias arenosas, a baranga
Fazendo tempestade em pouco vento.

Terrível jaburu quando usa tanga,
Causando a quem repara, sofrimento.
Eu vejo o teu olhar e me atormento
Sabendo ser a minha orangotanga.

Nem mesmo esta cegueira me socorre,
Quando eu te conheci ‘tava de porre
Não vejo outra desculpa. O que fazer?

A planta que teimosa cultivei,
De certo agora eu vejo quanto errei.
Charanga desafina pra valer...

1359

Amada, faz um ano... Lembro bem,
Que a gente começou a namorar.
Durante tanto tempo sem ninguém
Sozinho, sem ninguém para encontrar!

Alguns dias depois, quase brigamos,
Ciúmes de quem fora teu amor.
Por mares tão difíceis navegamos,
Em busca deste cais encantador

Um ano de namoro e muita história,
Felizes, somos dois apaixonados.
Amar é se render a toda glória

É prova de que existe um Deus no Céu,
Muito obrigado e que sejam nossos fados,
Eterna seja assim, lua de mel!



1360


Amada, não me trate deste jeito
tu sabes que eu desejo estar contigo.
Felicidade? Tenho este direito?
Um sonho que – faz tempo – assim, persigo.

O medo de ser só, de fato espreito
e vejo tão distante um bom abrigo.
Quem dera se eu pudesse, satisfeito;
mas juro, eu tanto tento e não consigo...

Eu quero ter ao menos uma chance
de ter uma alegria, num romance
que faça de meu mundo um Eldorado.

Desculpe, minha amada, eu não te engano.
Se a vida me prepara o desengano
a salvação encontro do teu lado...


1361

Amada, por estrelas nós andamos,
Meu barco, nos teus mares já navega,
Aonde tantas vezes mergulhamos
Paixão vai me tomando, louca e cega.

Neste arvoredo imenso, tantos ramos,
Florestas de ilusões, amor não nega
Além do que pensamos ou sonhamos
O pensamento trama e nos carrega

Portando em suas mãos estrelas várias
Tocando bem mais fundo as coronárias
E na taquicardia, amor demais.

Das rotas que percorro; luminárias
Deixando a cada passo, os seus sinais
Divinos e decerto sensuais...



1362


Amada, depois desta noite intensa
Eu tive que sair pra trabalhar,
Porém à noite espero a recompensa
Do tempo em que não pude te adorar.

Espero que este amor já te convença
E nada possa então nos afastar,
Embora esta distância tão imensa,
Meu sonho atravessando céu e mar

Depressa vai chegar, e de surpresa,
Tirando a tua roupa novamente,
Revendo em tal nudez tanta beleza,

Recomecemos logo o louco jogo
Do amor que nos tomou e de repente,
Deseja que eu retorne logo, logo...



1363


Amada, como é bom saber de ti,
Serena sensação que já me toma,
Contigo uma certeza que se assoma,
De ter tudo na vida que pedi,

Eu quero que tu venhas para aqui
Contigo, meu amor sempre se soma,
A vida benfazeja se retoma
E traça todo amor que recebi.

Vem logo não dispenso o teu carinho,
Eu quero me esconder neste aconchego,
Sem véus, permita Deus que este sossego

Prossiga em nosso canto em que me alinho,
Minha alma agradecida, já se ufana,
Da glória de ser teu, e não se engana...


1364

Amada, ao te sentir aqui presente
Em todos os lugares, quarto e sala,
Percebo quanto é bom poder cantá-la
Em versos e no sonho que pressente

Um mundo bem melhor, bem mais contente.
Queria, se possível, ao tocá-la;
Mostrar o quanto quero, numa escala,
Sentir o teu carinho mais premente.

Saber destas carícias que me ofertas
Com uma inimitável sedução;
As portas permanecem sempre abertas

Na certeza absoluta que virás
Depois da tempestade de verão
Trazer à minha vida, toda a paz...



1365


Amada, se me calo alguma vez
A culpa é dos meus olhos sonhadores.
De tanto amor a vida assim se fez
Que fico embevecido vendo as cores.

Tu sabes que eu andei adoecido,
Cansaço me tomando por inteiro.
Mas sigo sempre em ti tão decidido
Na busca deste amor mais verdadeiro.

Desculpe se pareço mais distante,
Meu corpo está, portanto; bem mais frágil.
Eu quero ser de ti o par constante,
Mas sinto: não estou assim tão ágil.

Amar-te é ter um bálsamo divino,
Tu és a minha sorte, o meu destino...



1366


Amada, és redentora de uma vida
Que fora em desespero, um quase nada...
Por isso é que te peço assim querida,
Apoio bem mais firme na jornada

Que sabe que esse amor traz a saída,
Da sorte que pensara abandonada.
Vivendo teu amor, sem despedida,
Percebo uma janela escancarada

Aos sonhos dedicados do menino
Que um dia se perdeu sem alegrias.
As noites que encontrei, amargas, frias,

Apenas pesadelos, desatino...
Por isso é que este amor se fez em glória,
Mudando todo o rumo desta história....



1367


Amada, não estou de ti distante.
Não deixo um só segundo de pensar
No amor que tenho e sei que é tão constante.
Somente em teu amor, vivo a pensar!

A tua voz mais meiga e cativante
Não canso de querer logo escutar.
Tu sabes que sou teu fiel amante
Que vivo por amor a te adorar.

Tu és o meu oásis! Beduíno
Encontro em meu deserto, amada fonte
No sonho mavioso descortino

Teus olhos, diamantes perlas raras;
Em ti somente vejo um horizonte
Nas vezes em que sinto que me amparas...


1368


Amada, ao descobrir em ti esta tristeza
Inerente a quem ama enfim eu percebi
Toda a profundidade imensa da beleza
Que agora, finalmente encontro, plena em ti.

O sofrimento gera expoente grandeza
E nele amadurece o bem que descobri
Bem maior que pensara. Enfrentar correnteza
Sabendo do perigo existente, eu te vi.

Das mágoas, o sorriso expressará vitória,
Assim ao aprender a ser mais tolerante
A vida se fará em plenitude e glória.

O amor nos ensinando em dor, perdão e riso
Mostrando o quanto a vida é sempre assim, mutante,
O nosso amor permite um passo mais preciso...



1369



Amada, como espero esse momento
com tal felicidade no meu peito.
Entrego todo amor e sentimento
pois sei que ser feliz é meu direito.

Não quero mais do fel, tormento
nem quero mais seguir insatisfeito.
Teu nome vem chegando pelo vento,
tocando o coração. Amor,aceito

o teu carinho, sempre redentor,
é lume que me guia pela vida.
Destrói o que se fora triste dor;

refaz minha esperança dia a dia,
por isso é contigo amor, querida,
pretendo me entregar à fantasia.


1370

Amada, se me calo vez em quando
Escuto mesmo ao longe a tua voz
E o tempo que pudera ser feroz
Agora se desenha claro e brando

Assim a fantasia nos tomando
E o passo aonde fora mais atroz
Risonho se permite e logo após
O mundo noutro tempo se moldando.

Vestindo a fantasia de poder
Ousar e perceber raro prazer
No vicejar de um sonho em nós composto,

A vida se desnuda e nisto eu ponho
Cenário tantas vezes mais risonho
No amor a cada passo sendo exposto.



1371

Amada, há quanto tempo te procuro
Em todas as estâncias, campos, praças...
O chão em que plantei deveras duro,
Perdeu-se de teu rumo nas fumaças
Mas venho te pedir, em céu escuro
Que voltes e perdoes minhas farsas...

Querida, há tanta coisa por dizer,
Sou resto que caminha sem teu braço,
Não posso mais, por isso, me conter,
E falo em cada verso em que refaço
Meus passos pela vida, por saber
O quanto necessito teu regaço...

Volte minha amada, eu te proponho,
Sonharmos novamente o mesmo sonho...


1372

Amada, a minha dor é da saudade
Que invade e não me deixa respirar.
Buscando pela luz, por claridade,
Me diga, meu amor, onde encontrar?
A vida pra ser boa de verdade
Precisa de teus raios,ó solar!

Vem logo que esta cama enfim te espera.
Vem logo que meus lábios sempre anseiam
A boca da morena primavera
Vontades; todas elas, me incendeiam,
Te ter comigo agora, quem me dera!
Em meus olhos, teus olhos fogo ateiam...

Amada, vem depressa, e junto ao riso,
Me leva com certeza, ao paraíso...


1373


Amada como posso
Sentir tua presença
No sonho aonde é nosso
O tanto que compensa
A sorte aonde endosso
O dia quando vença
A dor de algum destroço
Gerando a recompensa
Ativa dentro em mim
O todo de onde eu vim
Marcando em melodias
O quanto se pudera
Traçar além da espera
O amor que me trarias.


1374


Amada, minha amiga verdadeira
Das horas complicadas e ferinas.
Minha alma dolorida e caminheira
Encontra tuas mãos quase divinas.

Na mesa que partilho uma esperança
O pão desta alegria que me trazes
Garante, com certeza uma festança
Além do que sabemos ser capazes

Se vamos isolados pela vida,
Se estamos divididos, passo a passo.
Por isso, amada amiga tão querida,
Atemos bem mais forte nosso laço

E vamos, destemidos, té o fim,
Regando cada flor deste jardim...


1375


Amada, estás aqui dentro de mim,
Tu és minha metade da maçã,
Entraste em minha pele até no fim,
Na cicatriz risonha, em cada afã,
Um mesmo coração batendo assim
Numa cumplicidade de alma irmã.

Espelhas o meu rosto, minha face,
Espelhas o meu gozo, minha dor.
É como se uma vida se atrelasse
Numa imantada luz, num esplendor.
Meu corpo no teu corpo, um bom disfarce,
Na conjunção divina deste amor

Em total resplendor, rara centelha
Mostrando que minha alma em ti se espelha



1376


Amada; mal percebes quanto quero
O teu amor comigo, eternamente.
Meu mundo em teus braços eu tempero
E vivo por te amar, tão simplesmente...

Rever o teu sorriso eu sempre espero,
Aguardo esta chegada, de repente.
O meu amor, querida, tão sincero,
Eu te dedico, carinhosamente.

No frio desta noite sem te ter,
Meus versos vão embalde, sem sentido.
Não tenho nem mais sombra de prazer,

A vida continua... falam tantos...
Porém tudo se vai. Estou perdido
Distante de teus beijos, teus encantos...


1377

Amada, ao conceber amor supremo,
Que forma o diamante deste canto,
Já nada neste mundo, amor, eu temo,
Apenas me embeveço em teu encanto.

Que nunca permitamos que o ciúme,
Enodoe este amor que é nossa meta.
Bebendo em alegria o teu perfume,
Na glória que te faz assim, poeta.

Os nossos passos céleres, sem medo,
Os nossos dias nascem mais felizes.
Amor é nosso lema, este segredo,
Que cura qualquer dor e cicatrizes...

Igualdade liberta das correntes,
No sonho fraternal vamos contentes...



1378

Amada, ao te sentir aqui presente
embora tão distante ou mesmo além
O quanto deste amor já nos contém
E nisto cada passo se apresente

Invisto neste sonho e em tal vertente
Traduzo o que desejo e muito bem
Vagando sem destino eu sou refém
Do amor quando se fez tão envolvente

Aprendo com anseios quanto pude
E sei do renovar da juventude
Desta alma sonhadora em cada verso

E quando a solidão adentra a porta,
A sensação depressa a vida aborta
Olhando para trás eu desconverso.


1379


Amada, como espero esse momento
aonde pude em sonhos te tocar
Vagando sem saber qualquer lugar
A cada instante o medo enfim enfrento

E sei do meu cenário e sem tormento
Aprendo contra as fúrias navegar
Alçando com ternura o imenso mar,
E nisto não temendo o forte vento,

Aprendo a direção em norte rumo
E quando a sensação mais plena assumo
Entrego o coração e sigo em paz

Do quanto poderia em ato e glória
Amor ao transformar a minha história
Somente mais amor, decerto traz.




1380



Amada, não percebes meu desejo...
Eu quero o teu carinho aqui comigo,
Roçar a tua boca com meu beijo,
Ser muito mais que simples, bom amigo...

Teu corpo do meu lado é o que eu almejo
Ávido de viver ao teu abrigo.
Em todos os lugares eu te vejo,
Procuro te tocar... mas não consigo...

Quem dera se me desses atenção,
Virias como quero em tua chama
Arder intensamente em sedução.

Tu és minha vontade sem juízo...
Vem logo que meu corpo já te chama,
Pra, juntos, encontrarmos paraíso...



1381


Amada, faz um ano ou pouco menos
A vida não pudera ser diversa
Meu sonho no teu sonho agora versa,
Embora saiba sempre dos venenos

Os dias que tentara mais amenos
A sorte noutro rumo o tom dispersa
E a morte se aproxima e nela imersa
Os dias em temores raros, plenos.

Vencido pelo sonho nada trago
Senão este caminho aonde o vago
Cenário se apresenta em dor e tédio

Ousando muito mais do que já pude
A vida não permite esta atitude
Negando o que pudesse ser remédio.




1382


Amada, me perdoe se eu saí
E nem me despedi de ti, querida;
No teu rosto; um sorriso lindo eu vi
E não quis te acordar. A despedida

Iria interromper teu doce sonho.
Tu sabes que eu te adoro, minha amada;
Ao ver teu rosto belo e tão risonho
Não quis atrapalhar. Não falei nada...

A noite que passamos... Que delícia.
De tudo desfrutamos sem temor.
Nossos corpos com arte e com perícia
Nesta entrega divina ao deus do amor...

Falar o que? Prefiro ficar mudo,
Teus lábios já disseram quase tudo...


1383


Amada, vou tocar os teus cabelos
E manso sussurrar em teus ouvidos.
Teus braços e meus braços nos novelos,
Na saga o sol assanha meus sentidos...

Mirando nos teus olhos posso vê-los
Tão belos sensuais enlanguescidos
Quero saber dos lábios e bebê-los
Inebriado em goles repetidos

Do corpo e da ternura que me trazes
Nas danças embaladas por amor
A vida se refaz em tantas fases

E vejo-te comigo em todas elas.
Em cada novo beijo redentor,
Meu barco no teu mar, abertas velas...

1384


Amada, em cada frase que me dizes
Tua beleza imensa só se aumenta,
Meus versos são, por ti, sempre felizes,
A tua mansidão, amor; fomenta...

Ao pôr do sol milhares de matizes
Minha alma, de contente, vai tão lenta,
Na vida, cicatrizes, tantas crises
Passadas, tempestade, uma tormenta...

Agora, ao vir no vento essas mensagens
Banhadas no dourado da ternura,
Sentindo a doce brisa; tais aragens

Fazem-me ser mais forte a cada dia,
Matando o meu passado de amargura,
Na glória deste amor em poesia...


1385

Amada, nem a morte nos separa,
Pois temos os compósitos iguais,
Entenda que a união se fez tão rara,
Que a perda nos fará sermos jamais.

Tua presença amiga me é tão cara
Que sempre representa a minha paz.
Meu sonho nos teus pés já se antepara
Tu fazes o meu canto ser audaz.

Não fale de saudades nem tristezas,
Nos atam tão profundo e grande laço
Que mesmo que nos venham incertezas

O tempo me mostrou que este vigor
Mais forte que a distância, que o espaço
É a pura tradução do nosso amor.



1386



Amada, estás aqui dentro de mim,
reinando sobre cada pensamento
O todo que pudera num alento
Agora traduzindo este estopim

Aonde se acendo até o fim
O tempo traduzindo o que mais tento
Vencendo o mais temível sofrimento
Gerando o que pudesse sempre assim.

Marcando em consonância cada instante
E nisto nossa sorte se garanta
Audaciosamente sem defesas,

E as tantas maravilhas desejadas
Enquanto em fantasias tu me invadas
Meus sonhos de teus braços, meras presas.


1387


Amada, minha amiga e companheira
Traduzes o que tanto desejei
Reinando determina a clara lei
Aonde todo o mundo em paz se queira

A vida não presume uma rasteira
E nisto muitas vezes estranhei
A queda que deveras traça a grei
Dispersa desta sorte, a derradeira

Mergulho neste lago em turva tez
E o quanto se desenha e nada vês
Transforma a minha luz em treva apenas

E sei do meu caminho em dor e medo
E quando algum carinho eu te concedo,
Tuas palavras soam mais amenas.



1388



Amada, no teu canto tão sensível,

A voz de uma esperança se faz forte.

Por vezes, não percebo quão incrível

A mansidão que traz amor e sorte.



Querida a tua mão toca, invisível;

Não há nada no mundo que conforte

Mais do que este carinho. Incorruptível

Sensação de alegria não comporte



O mundo. Minha amiga eu tanto te amo

Que nada levará meu sentimento.

Talvez esta emoção com que conclamo



A luta benfazeja pela vida;

Reflita nestes versos num momento;

Que a paz no amor jamais seja vencida!



1389



Amada, como espero
Um dia feito em paz
O todo satisfaz
Quem foi claro e sincero

E assim eu me tempero
No sonho mais audaz
E o canto onde tenaz
O rumo fora fero,

Desenho sem temor
A sorte em teu calor
Transcende ao quanto eu quis

E sei do que me ilude
E tanta magnitude
Fazendo-me feliz.



1390


Amada, eu percebi o quanto sofres
Pensando no que foi, no que passou,
Não guardo uma saudade nestes cofres
Que o coração há tempos te entregou.

Já tive outras mulheres não te nego,
Passaram como as águas deste rio.
Na ponte que atravesso, eu carrego
Somente o meu amor-tempo de estio.

Tu trazes o calor desse verão
Esqueça deste inverno em minha vida.
O futuro vivendo da paixão,
Deixa o passado, página vencida.

Então venha desfrutar destes carinhos...
Águas passadas não movem moinhos!


1391


Amada, teu retrato na parede
Mostrando como é bom ser mais feliz.
Dessa alegria imensa tenho sede
Do amor eu sei que sou um aprendiz...

Ao ver quanta beleza em ti transluz,
Me sinto em privilégio frente a Deus,
Teus olhos; duas fontes, forte luz,
Não diga nunca mais sequer adeus...

Ao te perder senti como era triste
A vida sem amor e sem carinho,
Amor é fortaleza que resiste,
Gaiola que encantou um passarinho...

Ao ver o teu retrato, me lembrei,
Do tempo em que vivia como um rei...


1392

Amada tanto sonho
A vida se promete
E nada me arremete
Além do que proponho

A sorte se repete
E o tempo mais risonho
Aonde o barco eu ponho
Embora um vão grumete

Adentro este oceano
E quando além me dano
Já não presumo o fim,

Um cais se avizinhando
Um dia bem mais brando
Amor dentro de mim.



1393


Amada, não preciso te falar
Das ondas tão distantes, do oceano.
Nem dos raios mais belos do luar.
Não preciso falar do abandono

Nem tampouco, querida, do carinho...
Nem do medo de ser um ser tristonho.
Nem da noite que se abate sobre o ninho
Coberto por um céu negro, medonho...

Não preciso te falar deste prazer
Que sempre me trouxeste, sem cobrança;
Nem de todas as alegrias; vou dizer.
Pois entre nós, querida, mais que aliança.

Tudo que nós queremos, tanto amar,
Traduz-se simplesmente num olhar!

1394


Amada, que tu ouças minha voz,
Meu canto sem limites, de loucura.
A vida se mostrando, mesmo atroz,
Permite uma doença ou uma cura...

Ouvindo o que te falo, não se esqueça,
Meu canto vem do fundo da saudade,
Não deixe que este canto te enlouqueça,
É feito deste amor em liberdade.

É canto que não pára de sonhar,
Nas urzes do caminho, faz seu eco.
Nas ruas, nas estrelas, no luar.
Ao mesmo tempo salva enquanto peco.

As vozes que te falam, com paixão,
Só nascem neste louco coração!


1395


Amada, como é triste uma saudade
No peito de quem ama e sempre sonha
Viver o que me resta em liberdade,
Sem medo de encarar a dor medonha.

Eu desço, como o rio, peço o mar
Navego em calmaria ou em procelas.
Na mão direita sempre irei te amar,
Nas primaveras, rosas que revelas...

As hostes incontidas, pedra e espinho,
Tentando me impedir de ser feliz.
Quem teve tanta perda, vai sozinho,
E sabe que de amor um aprendiz.

Nas mãos que te carinham, um perfume,
Que faz com que essa dor toda se esfume...


1396

Amada, nas divinas brasas, fogo,
Ardendo no desejo que reveste
Amor que sempre trama novo jogo,
Com vigor, esperança assim, celeste.

Numa ânsia de outra vida, misteriosa,
A nossa alma aspirando novo espaço;
Beleza sem igual; densa e formosa,
Por mais que seja incerto nosso passo.

Foste feita de brilho em tal beleza
Em forma de carinho tão ardente,
Estrela que transmite tal clareza,
Amar-te com certeza é tão urgente...

Pantera, teu amor é sem igual,
Reflete nosso bem, esquece o mal...


1397


Amada, nesta noite fomos tantos,
Nas delícias marcadas dos teus beijos...
Curvado pelo peso dos encantos
Vivendo meus amores e desejos...

Nessa noite tão rara quanto bela,
Morrendo calmamente nos teus braços...
Amores quando amor já se revela,
Aos pouco ocupando meus espaços...

Detenho tantos potes de amargura,
Tocados por teus lábios tão sedentos.
Renascem em fomentos de ternura,
Soltando minha voz aos quatro ventos...

Nos nossos corpos roça tal prazer
Que faz a noite enfim, sobreviver...


1398


Amada, nossas roupas pelo chão,
Jogadas, testemunhas deste sonho,
Te beijo com total sofreguidão,
E tantas aventuras te proponho...

Deitados, nossa cama, como é bom,
Poder te carinhar a noite inteira,
Por debaixo ou por cima do edredom
O dom de te queimar, minha lareira...

Fazendo-te em meus braços, minha musa,
Aos poucos desnudar-te, e perceber
Os seios por debaixo desta blusa...
Vontade de poder, toda, te ter...

Dançarmos nossa dança predileta
Amor em tentação já se completa...


1399


Amada amiga amante, rosa rara,
Aguardo o teu carinho em ansiedade
Nesta emoção que espero, bela e cara,
Poder usufruir felicidade

Ao lado de quem sempre me antepara
Com braços e sorrisos de verdade,
Adoça a minha vida tão amara
Mostrando este prazer da liberdade...

Beijando tua pele, cara amiga,
Tornando cada olhar mais prazeroso,
Que a sorte ao nosso lado assim prossiga

Trazendo uma alegria que é sem fim.
No gesto mais amigo e carinhoso,
Onda do amor que veio para mim..



1400


Amada amiga amante
carinhos e desejos
tomando num rompante
bebendo doces beijos,

acerco-me de ti,
estrela que me guia,
há tempos percebi
o quanto és alegria.

Aremos neste chão
sementes benfazejas
o quanto em sedução
percebo que desejas

e siameses vamos,
gritar que nos amamos...
 
Autor
MARCOSLOURES
 
Texto
Data
Leituras
603
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.