Poemas : 

the mirror

 
Passaste e não viste

O sorriso aberto
na face do vento,

O caracol enrolado
no caminho molhado,

O brilho das folhas
na dança das sombras

Os teus olhos

no espelho.



cruz mendes

 
Autor
Alexis
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Enviado por Tópico
RoqueSilveira
Publicado: 10/02/2011 13:35  Atualizado: 10/02/2011 13:35
Membro de honra
Usuário desde: 31/03/2008
Localidade: Braga
Mensagens: 8104
 Re: the mirror
gostei deste poema que apela à observação sentida dos pequenos pormenores da vida que nos preenchem, mas no fundo só se olharmos para nós mesmos também.
eheheh maior o comentário que o poema, que afinal sendo pequeno tem pano para mangas.
beijo
RS


Enviado por Tópico
Karla Bardanza
Publicado: 10/02/2011 19:40  Atualizado: 10/02/2011 19:42
Colaborador
Usuário desde: 24/06/2007
Localidade:
Mensagens: 3263
 Re: the mirror
A vista cansada demais sempre impede a visão maior.Belo.


Vista cansada

Otto Lara Resende


Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro escritor quem disse. Essa idéia de olhar pela última vez tem algo de deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê que a vida continua, não admira que o Hemingway tenha acabado como acabou.

Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.

Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.

Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima idéia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.

Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.




Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 10/02/2011 20:10  Atualizado: 10/02/2011 21:43
 Re: the mirror
é o espelho num olhar matinal que nos revela as primeiras resposta do dia. não perguntar-lhe é opção per si, receando as respostas, mas não ao menos notá-lo; é desinteressar-se por si.
(poema bem provocante, este!)

beijo Alexandra, e aquele abração Carioca

zésilveira


Enviado por Tópico
fotograma
Publicado: 18/04/2013 16:55  Atualizado: 18/04/2013 16:55
Colaborador
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Mensagens: 1473
 Re: the mirror
quem vê?