Poemas : 

FEIO, MAU E ESTÚPIDO

 
Tags:  cidade    pÃo    feio    mau    bomba    ruínas    estúpido  
 
O meu passo é inconstante. Ora é rápido, ora é lento. Afasto-me das pessoas que vêm em direcção a mim. Pareço ser invisível, mas não sou. Vejo-me, apenas eu noto a minha presença.

Havia perante meus olhos
fumo, ruínas e gritos desafinados
pintados por vozes tão trémulas.

Havia a cidade e eu
e os outros
e nada.

O tudo à fome morreu
e a certeza foi quebrada

Mas o meu corpo não cedeu,
capa desta alma parada.

O nosso tormento veio mais cedo
e de deus não tiramos mais que medo…

o medo sempre vendeu tão bem!

Agora que por fim o tens,
tu não sabes com ele agir.

As tuas palavras,
o teu sim e o teu não,
são agora difíceis de ouvir

porque no fim essa boa razão
também ela vai subnutrir,
explodir como bomba sem rastilho.

Mas isso são coisas do mundo
e bem lá no fundo,
eu não tenho porque fingir.

Na mão eu tenho o milho
e no estômago a humanidade.

O meu pão que não partilho,
eu esmago no verso pútrido.
Afinal sou mais um filho:

sou feio, mau e estúpido…

sou um resto de verdade.

 
Autor
Breike
Autor
 
Texto
Data
Leituras
1418
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
1 pontos
1
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
João Marino Delize
Publicado: 02/03/2011 19:18  Atualizado: 02/03/2011 19:18
Membro de honra
Usuário desde: 29/01/2008
Localidade: Maringá-
Mensagens: 1910
 Re: FEIO, MAU E ESTÚPIDO
Sei que o seu poema é ficção, mas ninguém é tão lindo que agrade a todos e também não há ninguém que seja tão feio que alguém não ache bonito!

Gostei

Abraços