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JEANZINHO & MARRIÊ

 
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JEANZINHO E MARRIÊ

ITAK

Esta triste estória, parcialmente censurada, se passou nos idos e vindos de 1769 num pequeno povoado francês , onde um lenhador viúvo vivia com sua segunda mulher e seus (dele) dois filhos Jeanzè & Marriè : 15 e 14 aninhos, respectivamente.
Vocês curiosos querem saber como o lenhador perdeu a primeira esposa, não é? Pois bem, o desgraçado após dez anos de casamento começou a desconfiar que a sua companheira estava cortando lenha pra fora. O ciúmes foi deixando o pica-pau enlouquecido porém nada havia de concreto, apenas rumores. Certa volta, ao retornar de um dia cansativo de trabalho já devidamente hidratado com água que bird-dont-drink, encontrou sua querida esposa recém-banhada, perfumada, arrumada e outros ´adas´.
Na sala um Sangue-de-Boi aberto , dois copos cristal Cica , vela, incenso e aquele clima todo de.... putaria, sejamos sinceros. Cego de ódio, típico de corno metido a macho, não esperou explicação alguma e desceu o seu instrumento de trabalho na infeliz, separando-a em 1/3 + 2/3. Chamou a polícia, (era primo do delegado ) alegou legítima defesa da honra e ficou por isso mesmo. Em verdade, a pobre mulher jamais o traíra ( nem piava) embora o miserável merecesse ( isto é , todos merecem um enfeite menos eu que sou o marido ideal). Naquela noite , preparara-lhe uma surpresa já que era dia de seu (dele) aniversário . O desequilibrado, no entanto , não lembrou da desimportante data e nem chance deu a mãe de seus filhinhos de esclarecer. Com a outra, porém, corno dia sim outro também e nem desconfiava... é sempre assim.
Satisteitos, pés-no-saco? Então me deixem prosseguir.
Bom, a madrasta não suportava aqueles dois adolescentes e vice-versa, muito pelo contrário e a recíproca é verdadeira . Aliás, não aguentava nem aquele moto-serra cujo cheiro lembrava um pinus em decomposição e estava com ele por dinheiro (!!!??). Permitam que eu explique, calma aí: o Corta-Toco era realmente pobre mas seu futuro brilhava a ouro, pois era o único parente e por conseguinte o único herdeiro legal de Goldstein Goldberg Goldsmith, imigrante que enriqueceu emprestando dinheiro a juro e que hoje era delegado, prefeito , juiz , maior fazendeiro e o banqueiro local.
Bastava que o velhote avarento, já com 69 anos , aproximasse definitivamente uma bota da outra para que o João-Ninguém passasse desta sua condição à de podre de rico (no caso , era só acrescentar o “de rico”). A piranha, por seu turno, sabia da situação e premeditou o golpê-du-bauê.
Por falar na safada creio que não a descrevi ainda. Vamos lá . Tinha ela 30 anos , sendo 23 mais nova que Machado, o lenhador. Morena, peitos semi-duros, bundinha saliente, cinturinha afilada, boquinha carnuda, 1,67 m , 59 Kg, CPF e Identidade eu não lembro. Dentro daqueles vestidinhos soltos que só as francesas sabem usar , era uma tentação.
Já que “tamo” falando das personagens , descrevamos pois o velho Gold: ...careca é claro, barrigudo é certo, carrancudo, óculos , pouco-pinto e o resto nem vale a pena citar. Apenas digo que sofria de cancêr de(na) próstata, fato que só o seu médico sabia. O que todos sabiam mas ninguém falava era que o digno senhor sentava na boneca , agasalhava o quibe , dava marcha ré, tudo discretamente , nos povoados vizinhos ou com alguns peões de suas fazendas, os quais preferiam barranquear vacas mas “ai” deles se não obedecessem....
Bem, chega de fofoca , onde é que nós estávamos?
Pois é, um dia os filhos do homem-lenha não aguentando mais a substituta de sua mãe resolveram fugir de casa.
Durante a madrugada, arrumaram as respectivas trouxas e rumaram para a capital. Para chegar a Parisê , no entanto, deveriam cruzar a floresta do pó-branco; um território proscrito, perigoso, cheio de maconheiros, balaqueiros, chineiros e outros eiros. Mas valia o risco para se ver livre da megera que estava sempre os perseguindo ( não os deixava escutar Rolling Stones - que já existia sim , olhem pra cara do Keith Richard).
O caminho era longo e a estrada deserta e... (mas isso é uma outra estória !) e aí veio a sede e a fome. Dirigiram-se, pois, a uma caverna-bar e pediram algum trabalho em troca de comida. O proprietário, um gordo seboso, determinou que Marriê lavasse todo o estabelecimento e que Jeanzê carregasse 547 engradados de coca-cola para o depósito. À noite, exaustos e famintos, comeram feijanzê com farinhê e foram pra camê , em quartos separados e eu já explico porquê.
Na madrugada Marriê dormia em paz virginal quando acordou com uma mão gorda e fedorenta tapando-lhe a boca.
Era o homem-banha querendo tirar o atraso de uma vida sem carne fresca, só muchiba e coxão mole. A guria tentou escapar mas a gordura lhe sufocava. O adiposo sôfrego, arrancou a roupinha da donzela , verificando porém que os peitinhos estavam recém nascendo, que os pentelhinhos eram deveras ralos, etc ( lembrar que era no século 18, hoje em dia criam teta logo após o desmame). Pra mim já tava mais que bom, mas o Large White preferiu aguardar mais um pouco, sabe como é, ir cevando a voguinha, curtindo os preparativos pro abate (pra quem já esperou tanto tempo, não é mesmo).
Saiu do quarto, deixando a porta muito bem trancafiada e a nossa jovem protagonista num pavor , enfatizo, do caralho.
Na manhã seguinte, acordou o irmão da irmã assegurando-lhe que se tentassem partir o fariam com a alma separada do corpo, ou seja, deveriam ficar ali: ele trabalhando feito um jegue, ela crescendo as tetinhas.
Passaram-se sete dias e a guria, no entanto, recusava-se a comer, “de modos” que as mamicas continuavam do mesmo jeito. Sr. Machado nesse período procurou desesperadamente pelos filhos e não tendo sucesso na empreitada apelou mais uma vez para o auxílio do primo Gold. Aí foi fácil (inclusive a caverna-bar era do descendente de Abraão que a havia cedido para o balofo mediante uma porcentagem nos lucros). Não demorou doze horas e o baleia foi ter com o dono do inferno. Os jovens libertos voltaram à casa paterna arrependidos e envergonhados.
Pra encurtar a história que eu já tô com íngua no saco, a sorte mostrou sua dentição aos nossos protagonistas. Esclareço : um mês após o sucedido, o hebraico foi se encontrar com o seu ex-sócio-suíno no reino do cramunhão, aproveitando para cobrar-lhe os dois aluguéis atrasados e propor ao chefe chifrudo do local um financiamento com vistas a modernizar aquelas paragens, incluindo um seguro grátis contra incêndio.
O lenhador , como havíamos prometido, herdou a fortuna do parente e se vendo dono daquilo tudo trocou a de trinta por duas de quinze , mandando os filhos pra capital. Segundo registros, seus rebentos se deram bem - ele optou por estudar artes cênicas, interpretando alegres personagens em muitas peças; ela escolheu medicina com especialização em urologia, não tendo jamais lhe faltado cliente.
E o ex-lenha? Não terminava de curar uma blenorragia e já pegava uma gonorréia , mas morreu feliz!
Pronto, não é este o final que vocês sempre querem , seus românticos?



 
Autor
paulo itamar keiber
 
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