Ao fundo
Um balão que
enche, enche, enche
sobe ao céu e arrebenta:
E ao lado um pássaro voando
E ao cimo um sol de tom dourado
E ao lado o tempo vai parando
E ao fundo um rio corre apressado
E ao lado um sol alaranjando
E ao cimo um céu já bem estrelado
E ao lado um corpo já quedando
E ao fundo o teu corpo suado
O céu por limite (1)
Mergulho no brilho quente
Desse olhar que me envolve
Que me sente,
Pressente
Como se eu fosse
Frágil e doce
Mas que me vê
Com dureza de diamante.
Pudesse eu evaporar-me no ar
Ser esculpida em forma de mulher
Amante
Perdida nos teus desejos
Coberta de imaginação
E de beijos
De alma e coração
Te levaria voando…
Admite…
Que só o céu
É o meu limite…
Estrelas
.
Estrelas
Ontem
na tentativa d´adormecer
resolvi contar as estrelas do céu ...
três milhões setecentos e ...
... adormeci
nunca o ontem
foi tão infinito !...
Luíz Sommerville Junior in Facebook, Março 2014, 23:57
Sou universo
Sou menino
Sou passarinho
Buscando a semente
Levar ao meu ninho
Voar tão somente.
Sou abelhinha
Sugando o mel
De muitas rosinhas
Levar à rainha
A doçura do céu.
Sou andorinha
Fazendo verão
Não estarei só
Voando na multidão
Brincando no cipó.
Sou pétalas esvoaçantes
Gotas de lavanda
Pingos de chuva dançantes
Um rede na varanda
Tirando o cansaço, matando a sede.
Partículas do universo
Pedrinha no oceano
O direito e o inverso
A vida em prosa e verso
Nereida
O céu por limite (2)
Quando quatro olhos castanhos
Se encontram e mergulham
Nos encantos mais estranhos
Da alma humana
Sedenta de dois corpos
Num só
E deles emana
Magia, em pó
Solúvel no ar
E aspirada
Em sintonia…
…dá-se a explosão
Da mais pura energia
Sem qualquer véu…
Tendo por limite
Só o céu…
Colorindo o céu
O povo de tudo reclama se faz calor
Está calor demais, se faz frio, está
Frio demais, se chove, chove demais
Tudo é demais, somente o amor do
Pai nunca será demais para todos nós
Por favor, para melhor leitura, clique no poema
O Inverno da Vida
O INVERNO DA VIDA
Hoje não vou à fonte
Deixo-me ficar neste entretém
Fico a olhar o horizonte
No silêncio eu e ele, mais ninguém.
Mais logo as estrelas vão surgir
Vou agarrar uma se puder
Para quando a solidão vier
Iluminar o meu existir.
Escondo-a num abrigo do coração
Bem ao pôr-do-sol da minha Vida
Ao anoitecer deste meu céu escuro!?
E assim a Vida não terei ainda perdida.
Pode o Mundo parecer-me duro.
Ser até meu caminho feito pó
Colherei ainda o que semeei
E assim não me sentirei,
Nunca só.
Deixo a fonte lá bem distante
Ouço-lhe apenas o rumor!
Que a Vida é um só instante
Nesta hora, como o sol, perde calor.
A Vida é uma migalha
Não penso que é eterna!?
A morte chega não falha.
A noite é fria, e a vida já inverna.
rosafogo
"Repleto de si" - Soneto
"Repleto de si" - Soneto
Nem notei a falta de aceno e de adeus.
Andei ocupada demais, a colar os cacos.
Uma dor colossal, em silêncios só meus.
Fragmentos de tempos, vis, rasgados.
Por isso respeito teus outros “contornos”
E não me surpreende a fartura de mel
Só lamento que compre amor com suborno
Pois amor não se compra, é presente do céu.
Não foi demissão, então, sem garantia.
Virando o jogo, sabe a dor que causou.
Já que o colo, mesmo disperso, o acalentou.
Tanto sentimento, não foi só poesia.
E o que chama de paixão, era puro amor.
E nem com suas farpas, vai virar rancor.
Glória Salles
Bocavento
O céu da cidade agora é sempre cinza
nunca mais saiu o sol, desde que
Tito Manja-Léguas! Famoso Bocavento...
Pássaro caminheiro entre os homens
Passou a contemplar a cidade
de cima dos prédios
Tocando sua gaita ininterruptamente
Mas ninguém sabia o porquê.
É que Tito escondia um segredo:
Prestidigitador do vento,
Fazia música para deprimir seus males
Assim seus demônios sentavam tristes
Encantados com o outono e as árvores
E ouviam seu canto sem nada dizer...
(Ronan Cardoso)
http://ronancardoso.blogspot.com.br/2016/06/bocavento.html
Céu de cal
Os lobos já se deitaram
Mastigam com os dentes uma morte íntima
Em redor a terra saturada
E a fértil noite, abraça-me,
Prenuncio-me às estrelas que pintaste no céu
As veredas abrem-se húmidas
Sacio-me no silêncio da tua boca
Enquanto engoles a sombra
E o choro das amoras.
A cicatriz roça-me os dedos
Incendeia-se antes do tocar dos corpos
Como duas folhas no meio da paisagem
À espera de um porto seguro
Prenuncio-me de novo,
Mas as estrelas já não estão lá,
Naquele imenso céu de cal
Ouço-me!
Ouço-me dentro de ti
Como um búzio a espalhar oceanos
No gume lunar dos sentidos,
E as pupilas entregam-se à solidão das glicínias
Aquecem o frio da adaga
Onde a minha ausência repousa
Conceição Bernardino
(inédito)