Sinto-me perdida nos lençóis de seixos e pedras 🍁
Sinto-me perdida nos meus lençóis de seda
Onde tudo é suave e envolvente em contrastes
Venho do ventre de minha mãe do barro escuro
Sem fazer mal a ninguém ou roubar coisa alguma
Apenas aprendi da vida o que ela não me ensinou
Aprendi a ver, a sentir, a cheirar, a tocar, a sentir
Através do desbotar das flores em cores lavadas
Pelas lágrimas da chuva, a sorrir e nas folhas a cair
Escondo o coração num abrigo da forte tempestade
Um corpo que deambulante ao acaso na sentida alegria
Que vive todos os dias num ser amado da felicidade
Por isso quando eu morrer já não me pesará a terra
De seixos, de pedras, de fragas, das flores que alguém
Terá deixado frescas ou secas, quem sabe, eu não sei
Eu sei que venho do barro escuro, da terra fértil talvez
Assombrada, esquecida do ventre da minha querida mãe.
Sou um verme de uma flor
que morre sozinho entre as folhas
terra florida de um jardim
🌷🍁
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
♥FADOS E BECOS*
O corpo adivinha as sensações já vividas
Experimenta as dores profundas e velozes
A carne tem um fraco pelas orgias da noite
Sou levada pela saudade cravada em mim
Sente-se dor nos ossos, tudo que não vivi
Vislumbrei-me em fado nos becos noturnos
De tramas, de mentiras, de olhares já tóxicos
Lua de desejos sob a penumbras madrugadas
Saudade da solidão, noturnas noites diluídas
Gelo esgotado nas gandaias dos sonhadores
Raiadas nos olhos, sono pelo avesso espelho
Luzes frias, som em fúria, de um sino tocado
&
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
*JANELA DO SONHO ღ
Num espaço repleto de sonhos
Ficaram apenas os espinhos
As sementes ficaram por plantar
Vistas de uma janela velha
Imagens difusas de um vidro partido
Um mundo de lembranças apagadas
Memórias escritas no silêncio presente
Tempo parado, porta fechada
No arrependimento há descanso e paz
Já fomos líricos e talvez loucos
Nesta loucura rendo-me à lucidez
Retrato perfeito de um encontro no deserto
Onde as lembranças são como palavras esquecidas
Não basta abrir a janela, a porta
É preciso abrir o coração, a alma para vermos o sol
Lágrimas espontâneas de um sonho sem espaço.
A vida é e será sempre
Uma longa jornada
Neste caminho curto.
*
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
*GUARDO NO MEU PEITOღ
Guardo no meu peito
Na alma uma colcha de seda
Feita em silêncios de orvalhos
Guardados na ilusão de um dia
Retalhos das noites perdidas
Palavras carregadas de dor
Da minha alma, onde desfaço-me
Nos teus braços com desejo
Onde chove um sorriso
Que confundem-se do teu o meu desejo.
*
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
*NOITE DE ILUSÃOღ
A noite é tão segura
É tão escura de ilusões
Fantasma de um passado
De lágrimas e emoções
Só tu, oh noite
Conheces o meu sofrimento
E podes aliviar a minha dor
Para deixar o vento
O vento colher as minhas flores
Deixo o tempo consumir a minha dor
Oh noite tão segura
Tão escura de ilusões
Só tu, oh noite conheces a minha dor.
Só a lua é cheia de ilusão
numa noite escura
*
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
❈Como posso explicar *
Como posso explicar o que escrevo
Se faço corar o sol e chorar a fonte
Se a terra cobiça-me o corpo
E as ervas daninhas me querem
De que vale sonhar se tenho pena de mim
E o inferno cobiça-me a mente
Na perfeita alucinação esta a minha
Onde agarrada viaja na pele e não me larga
Invocando as horas que talvez faltem da morte
Pois os mortos não falam e as flores secam
Como posso explicar se a vida passa num poema.
🌹╰⊱♥⊱╮
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
*SER SOLITÁRIO ♥
O meu destino é solitário é ter o coração errante
Num eterno navegante das cidades distantes
Nascido no velho cais é ser filho de tantos sonhos
De um coração de rimas sangue que corre de versos
Num sorriso de poemas escritos de várias certezas
De sentimentos diversos que cresce nas rimas do amor
Alimenta a paixão e o ódio de todo sentimento maior
Pensamento seja ele qual for mente de pergaminhos sagrados
Que revelam segredos antigos traduzidos em versos escritos
Talvez por uma razão qualquer destino eterno sem rumo ou guia
Por caminhos ou estradas vazias que nos levam sempre a sonhar
É som, é cor, é ódio, é amor é vida, é morte, é sangue sem corte
É ser um solitário poeta que eu sou rasgando os meus versos
Na eternidade sem ter as dores do parto errante destino meu
Entre as sombras que me dão luz nos versos que faço em poesia
*
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
✿CAMINHO POR RUAS ACIDENTADAS *
Vagueio por estas ruas acidentadas
Escuto o som das algemas da mente
Onde o amor mudo roía-me desde dentro
E mastigava as flores de todos os sorrisos
O vento que uiva voa invisivelmente
Rasga a alma sombria com o pranto do dia
E veio a noite verter as lágrimas do céu
Para poder morder as palavras já escritas
Desfazendo a carne sem deixar os ossos
Âmago olhar imortal na calma do silêncio
Sombra inércia perde-se no nada dentro da íris
Nos submersos movimentos que a poesia penetra
Viver é uma luta diária
Entre tristezas
Risos e felicidade
*
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
♥NÃO SEI QUE DOR*
Não sei que dor é esta
Que me obriga a vaguear
Desconheço o que sinto
Neste corpo já sofrido
Desta amargura penitente
Que me cobiça a mente
Não sei o que procuro
Muito menos o rumo
Que tomar, só sei que é
Algo que me prende
Que me entristece
Nesta curta vida a minha
Onde as palavras não são
Se não cardos que me pertencem
Nos abafados murmúrios
De uma saudade em sofrimento
*
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
*SOU UM BICHO DO MARღ
Sou um bicho do mar
A minha dor é de parto
Mordo tudo que vejo
Que se senta ao meu redor
Sou pior que um inferno
Que habita nas almas
Dos que estão mortos
O meu castigo é eterno
Num atribulado sofrimento
Deste desassossego lugar
Este meu destinado sentir
Sou um bicho que gira
Na roda da azenha
Entre todas as dores de parto
Que são sentidas no mar por mim
Nas almas que corrói lentamente.
Sou um ser da luz
Mas à noite as trevas
Habitam em mim.
*
Isabel Morais Ribeiro Fonseca