Sou assim
Sou assim
Um milagre da Natureza
como qualquer criatura
se estou aqui neste mundo
nosso Deus, assim o quis,
que vivesse esta aventura.
Epopeia de felicidade,
e saltos de trampolim
com pulos, reviravoltas
onde mantive um sorriso,
quero cair em pé, por fim.
Numa fofa nuvem branca,
Descansando, mãos postas,
com os olhos lacrimejantes
ao ver tantas estrelas brilhando
e flores frescas, não mortas!
Helena
SINAIS
Celebrei o amor tantas vezes
que desse ato contumaz
perdi a conta...
oh!...pobre ingenuidade
enclausurado o olhar de dentro
não enxergou os sinais do adeus
sob a túnica da credulidade
camuflado pelo fogo do desejo
no entusiasmo da hora...
apesar de esquartejar-me
os punhais da lucidez de agora
eu me refaço
o tempo há de me devolver
um a um,os meus pedaços!
Maria Lucia (Centelha Luminosa)
Quimeras Coloridas
Quimeras Coloridas
by Betha Mendonça
paro ante esses olhos,
que me veem e seguem,
pontos de interrogações,
e exclamações de pé.
esses que me sabem,
e moldam de versos,
com letras de seduzir,
induzir e colorir.
respostas com tintas,
de me fazerem ser,
tempos diferentes,
nos relógios de areias,
que deslizam por mim.
e essas quimeras multicores,
de que tenho as mãos cheias,
lanço nesses teus olhos,
que me veem e seguem,
de má, só para te confundir.
*Imagem tumblr
Adjetividade
Eram casos adjetivos,
Firmes soluções advogadas com a rispidez de velhos astutos,
Escritas sem tintas que se apagassem,
Mas antes com as certezas possíveis,
Auscultadas com teorias espessas,
E todas por inventar,...
Nunca cerceada,
Esta era uma realidade aos poucos escrita,
Aos poucos confirmada,
Só se possível desmentida pelo coração que,
A medo,
Saltava na praça onde os velhos astutos,
Cavavam rotas com a precisão imprecisa do final dos tempos
Retorno à inocencia
Várias vezes,
Sempre à mesma hora,
Os de qualquer dia em silêncio,
Quem cultivava o passado repetindo o que se aflorava,
A solução para o diferendo residia no esquecimento de faltas de conseqüência,...
A inoculação dos que mostravam raiva,
Parecia ocultar o amor,
Influir nas escolhas que contavam,
E descontar a terra necessária para decifrar as restantes,...
À volta tanta e tanta estátua de obstáculos com pés de lama,
Nao faria sentido continuar a descrição deste retorno à inocência
Quando Deus Escreve para Analfabeto
Soaroir
5/9/14
Meu Deus, meu Deus...
O que me escreveste?
Por Ti, ensina-me a ler...
Somos, muitas vezes, analfabetos para ler o que Deus escreve para a gente...
Rugas
Rugas
Aparecem,
que pensar mais,
são estradas
percorridas. Sinais.
Bem sinalizadas
umas mais largas
umas outras
mais apertadas.
Boas condutoras
vão reagir
com muita cautela
a conduzir.
A mão insegura
e a cantarolar
espreitam o espelho
que as está a olhar!
Então param
estação de serviço
compram mezinhas
contra o enguiço.
Compram magia
e a moça contente
lá faz uns euritos
com toda a gente.
O espelho desata a rir
e diz ao ver estas fugas
tolas, como é bom sinal
ganhar essas rugas!
Vólena
Elegia do pecado
Elegia do pecado
Não sei se é mea culpa
Mas, pecador me confesso
Advogando em causa própria
Meu destino, minha sina
À mercê do teu olhar
A sorte não me bafeja
Recebo eu de bandeja
Alguém que não sei amar
Em ti vejo qual sereia
que no mar serpenteia
cantando p’ra me encantar
Não sou mais dono da razão
Já me sinto a naufragar
Porquanto o meu coração
Iça o mastro da paixão
Somente para te conquistar
Maria Fernanda Reis Esteves
57 anos
natural: Setúbal
Passos
Passos
by Betha M. Costa
ah, passos...
promesseiros sem fé
posseiros da planta do pé
presos ao cimento das horas
nem o todo nem as sobras
do que nunca foi e nem é...
Amei-Te um Dia…
Amei-Te um Dia…
Amei-te, desesperadamente,
sôfrego de te sentir meu ser.
Amei-te, mulher, no esplendor
total da tua maturidade.
Amei-te, menina, docemente,
abri-te como livro a reler.
Bebi cada estrofe com frescor
de água refrescante da vontade.
Amei-te sempre d' alma exposta
aos perigos da perda sem futuro,
em avidez seca e esgotante,
Amei-te, louco, por compaixão.
Amei no desprezo, sem resposta -
silêncio atroz - esbarrei no muro
de masmorras frias, sufocantes
da indiferença, sem compaixão.
Amei-te mesmo nesse negar,
de ti para mim, acusador
de erros cometidos, de traição,
mentiras fúteis, promessas vãs,
que teu ego teimou inventar.
Amei-te, poeta sonhador,
respeitei-te na contemplação
de outras querelas temporãs.
Hoje? O Hoje não existe mais;
nem sonhos, nem pesadelos,
felicidades ou mais venturas.
Finaram-se os poemas de amantes.
O olhar já não implora,
a boca, cerra-se e silencia ais,
e mãos que não se tocam,
prenhas de raiva e de desventuras...
Amar? Hoje? Só como farsa dramática!
Lisboa, 26/05/2015