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Dois Dedos de Conversa

 
Cai como uma árvore quando abatida.
Almas desconhecidas em pânico, quando eu só pedia silêncio.
Soltei-me daquele corpo, sento-me aliviado na berma do passeio assistindo ao espectáculo que é o fim da vida.
Ele sentou-se ao meu lado, sorriu, vestido de negro e acendeu um cigarro negro soltou no ar uma imensidão de fumo também negro.
-Chegou a minha hora ? Perguntei sem desviar o olhar daquele corpo inerte e frio.
Ele sorriu novamente, olhou para aqueles rostos de pânico e disse.
-Pobres de espirito! Tanto medo da paz eterna.
É favor de sair da frente eu sou médica.
Desapertou-me a gravata e também a camisa, colocou dois dedos no pescoço daquele corpo que eu já sentia não ser meu.
Começou uma dura luta com respiração boca a boca, com as mãos forçando o peito em movimentos perfeitos.
Estava a gostar de todo o seu desempenho, sua boca encaixava na perfeição na minha, seus cabelos soltos sobre meu rosto eram como sopros de vida.
Estremeci!
Olhei para ele, concentrado na luta que a médica tratava com o meu corpo, algo não estava certo.
Sem desviar o olhar, e com um ar de compreenção disse.
-A tua hora ainda não chegou, vais voltar porque nasceu aqui uma nova oportunidade para a vida miserável que sempre levaste.
-Não entendo o que quer dizer1 Sentia um misto de querer ficar e também voltar.
-Ela está a salvar-te porque precisa de ti, eu posso esperar mais uns bons anos, mas ficamos com encontro marcado, agora vai e vive esta paixão até ao limite que garanto que é a última.
De volta abri os olhos ao mundo, o olhar dela cor de mel deram-me as boas vindas, seu sorriso fechou a porta da minha escuridão, pelo seu nariz de Cleópatra senti o sopro de uma nova vida,lábios esses ainda sentia o sabor nos meus.

Doutora quer jantar comigo ?





José


 
Autor
Jose Braga
 
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