Poemas : 

PARTIDA (Victor Motta)

 
 
PARTIDA

E meu trem partiu.
Foi naquele momento,
exatamente,
que ele partiu.

Tremeu, apitou
e, gemendo,
sumiu entre névoa
que ficou na noite,
ao redor de tudo.
Partiu sozinho
como eu,
num trilho infinito,
tremendo, aflito,
já bem longe, deixando
apenas a névoa.
Contornos imprecisos
de uma cor acinzentada,
lentamente se apagando.

Na estação,
dentro da noite,
não ficaram acenos,
nem lágrimas;
talvez uma recordação,
talvez nem isso.
Mas, submisso,
preso ao trilho
de seu destino,
foi que meu trem partiu.
Ninguém viu
nem compreendeu
que ele partia
definitivamente.


Livre-pensadora, livre-sonhadora


Autor: Victor Motta
Blog: http://cariucho.wordpress.com/
 
Autor
Manu_C.
Autor
 
Texto
Data
Leituras
2273
Favoritos
2
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
25 pontos
5
2
2
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Migueljaco
Publicado: 12/01/2013 15:56  Atualizado: 12/01/2013 15:56
Colaborador
Usuário desde: 23/06/2011
Localidade: Taubaté SP
Mensagens: 10200
 Re: PARTIDA (Victor Motta)
Boa tarde Manuela, o Victor foi profundo narrando esta cena de esvaziamento do seu personagem, que sentiu-se invadido pela solidão sem ter uma rasão de ser.
Parabéns pelo contundente poema, um grande abraço, MJ.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 15/02/2013 13:15  Atualizado: 15/02/2013 13:15
 Re: PARTIDA (Victor Motta)
Bonita a imagem construida...


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 07/04/2013 14:16  Atualizado: 07/04/2013 14:16
 Re: PARTIDA (Victor Motta)
Um belo poema de um autor que desconhecia.
Obrigado por partilhar, com o vantagem de nos deixar uma ligação para o blogue de Victor Motta.

DM