Poemas : 

Zé da Mula e o seu trágico final

 
Soube de algumas palavras
De velhas memórias
Contavam ao som de guitarras
As mais incríveis histórias.

Diziam as bocas do povo
Aconteceu assim:

Seguia o dia longo e cansado
Pelo relógio de corda
Quando às badaladas desse tempo pesado
A noite finalmente acorda

É então, nessa hora incerta
Quando o sono por todos chama
Que o Zé da Mula desperta
E num repente, fica pronto e alerta
Dando um salto para fora da cama

Soube ainda, por janelas alcoviteiras
Que roubou no passado
Mil rosários às freiras
A mando do diabo

Vendia-os depois nas feiras
Por meia dúzia de trocados
Prá batota às sextas-feiras
Entre vinho, mulheres e fados

Encontrá-lo, era no tasco
Ao balcão, corpo franzino
Boémio, bêbado como um cacho
Desfiando o seu destino

Teve, o Zé da Mula desordeiro
Um final trágico e esperado
Certa vez, ao não pagar ao taberneiro
Foi por este assassinado

Diz quem viu, que foi verdade
A luta de facas sem igual
Por meia hora de ansiedade
Ditou o álcool, a vontade
E um obituário no jornal.




Viver é sair para a rua de manhã, aprender a amar e à noite voltar para casa.

 
Autor
silva.d.c
Autor
 
Texto
Data
Leituras
1486
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 17/01/2013 20:14  Atualizado: 17/01/2013 20:14
 Re: Zé da Mula e o seu trágico final
Como aqueles cordéis muito característicos do nordeste brasileiro. Muitíssimo bem elaborado.

Abraço,

Sandra.

Enviado por Tópico
Caopoeta
Publicado: 26/02/2013 16:22  Atualizado: 26/02/2013 16:22
Colaborador
Usuário desde: 12/07/2007
Localidade:
Mensagens: 1988
 Re: Zé da Mula e o seu trágico final
venho-te seguindo desde o cao coragem e a sua cobardia,

escreves bem sim, umas vezes um tanto (peres) e um quanto (picaz)
outras vezes insolente e ousado.


abraço.