Poemas : 

CONFORME HAVIA PROMETIDO ANTERIORMENTE

 


quando a sinuosidade da lamina reta retalha a tralha

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Nada existe, não há nada, apenas juncos para treinar,
e um pedaço de programação da novela preferida
agarrada às solas dos sapatos italianos de verniz;
os minutos foram trocados pelas coisas pequenas,
aranhas não arranham o jarro nem o teto de alumínio,
quando espocam e brilham os flashes saio gritando
aposto que você esqueceu o horário a restauração,
foi à praia para tomar sol, ver o mar, um camarão.
Depois que caiu o amálgama do meu dente incisivo,
a dor fez-me ver que estou apenas fingindo ser valente
diante daquela maldita agulha hipodérmica sub gengival.

Sinto-me um covarde! "quo vadis Domini quo vadis "
Também gostaria de ir a Roma aplaudir o papa,
que não é o primeiro é somente Francisco,
um dia, talvez, quiçá possa ser mesmo o primeiro,
mas, só será primeiro depois que surgir o segundo,
pois este é um ensinamento que há de ser profundo,
enquanto as gôndolas balançam nos canais de Veneza,
depois da caravana passar e ladrarem os cães,
e tantos quantos camelos entrarem no buraco da agulha,
por que serei pusilânime se somente assustou-me o mar?
Ondas que quebram nas praias beijam coqueirais os mares,
tão verdes e tão bravios mares da terra natal de Alencar.


Enquanto nós balançamos o barco, a nave se vai,
procuro não ficar asfixiado com o ar salgado,
mas estão à procura de um sufixo toxico extraviado,
sempre me disseram que a tônica é a que tem tom,
mas jamais me aconselharam a não sufixar “melhor”.
Quero decidir, por que você é quem você é, ou foi,
eu sei que eu sou eu, sempre serei e o resto é o resto,
os últimos serão os primeiros, mas sempre é certo,
é verdade, quem ri por último não entendeu a piada,
por que a janela vai para lata de sucata ecológica,
quando eu ameaço começar a contar piadas de japonês.

Eles dizem que o rio não tem telhado, nem teto,
mas eu não sei, não tenho hoje toda essa certeza.
As sancas, as eiras e as beiras, frontões e capitéis,
adornam as casa e fachadas dos bem nascidos,
restando aos outros as mansardas sorumbáticas.
Acho que todo mundo bebeu vodca e querosene,
e quando viram que o homem estava caindo,
contava piadas, e não te amo mais por que não ri.
Meus olhos molhados na aguardente de grapa,
a mais fina das cachaças do vale do São Francisco,
mas há outras bebidas na taberna escocesa,
envelhecidas mais de quinze anos em enormes tonéis.

Posso dizer que senti cãibras naquele voo charter,
sem pedir ao motorneiro os bilhetes de retorno:
- “eles dizem: não faz mal, é desnecessário então”,
por que o louco entregou a coroa do reino ao anão,
com a sutileza de um hipopótamo diabético gordo,
comprando cristais de Antuérpia numa loja popular.
Fui quinto colocado com apenas dois votos atrás,
mas não entendo como os trens funcionam
movidos a diesel e ar comprimido disléxico neural.
Outras vezes, tomo outros sucos não fermentados,
mas das bebidas destiladas já não tenho piedade,
nem fé, e caridade dar esmolas redime do purgatório,
purgar a mora é preciso, assim como um bom laxante.

Eles estão loucos, rasgam notas de um real a rodo,
como se louco eu fosse por contar comprimidos,
na cartela de lexotam atrás do vidro de xarope:
“- ser louco é não ler o contrato e fazer um bom negócio ”,
por que se a vaca berra uivando ouvindo trovões,
foi porque subiu alegre e feliz na encosta íngreme,
os moinhos são canibais e levantam sempre sorrindo.
Não,não penso mais sobre o seu nariz arrebitado,
não uso uma gadanha, nem um esfregão na estação,
nas corridas de trem sopram ventos azuis enluarados,
tanchados em metal mandibular arremessados tortos,
os cães podem subir escadas e entrar nas igrejas,
ir até a pia batismal, mas só se a porta estiver aberta.

Não há vidro, não posso me deitar, nem um é sim e nem não,
nada mais há para se falar, pode até ser um talvez, quem sabe,
apenas assuntos polivalentes amenos sem importância,
esperando que o míssil seja arremessado em parábola,
explodindo os lírios do campo, que não tecem e nem fiam,
mas ainda assim um deles, foi mais sábio que Salomão.
Tudo isso parece parece apenas indiretamente,
que está acima de suas inúmeras posses haveres,
por que o vento frio é como uma espécie de diabo,
ativos e passivos contas pagas despesas várias,
ele ruge e muge afinado e suave soprando três direções,
é capaz de andar descalço, de quatro, no forro do quarto.

“ quousque tandem abutere, tosco bardo, patientia nostra ?“
Se você conseguiu chegar até este ponto da leitura,
parabéns você venceu! Toda a minha gratidão e apreço:
“- Trabalho hercúleo. É um herói ou todo seu sono já perdeu,
ou pior ainda, é mais pinel do que vocês acham que sou eu ”









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Tosco_Bardo
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 22/03/2013 20:08  Atualizado: 22/03/2013 20:08
 Re: quando a sinuosidade da lamina reta retalha a tralha
Muito bom,

bem pinel e esquizofrênico..."avec moi".

Aconselho a usar os chapéus do E. Bono, protegem do sol e resfriam cabeças quentes e alucinadas. Nadar também ajuda, na raia certa , até chegar à praia.


Uma obra (a tua) para ninguém 'com juizo' botar defeito..."avec moi". Gostei!!!



Enviado por Tópico
sarcopio
Publicado: 23/03/2013 16:36  Atualizado: 23/03/2013 16:36
Da casa!
Usuário desde: 21/03/2013
Localidade:
Mensagens: 369
 Re: CONFORME HAVIA PROMETIDO ANTERIORMENTE
achei muito longdo e dificil de ler. no geral, não gostei

Enviado por Tópico
Volena
Publicado: 25/03/2013 21:54  Atualizado: 25/03/2013 21:54
Colaborador
Usuário desde: 10/10/2012
Localidade:
Mensagens: 12485
 Re: CONFORME HAVIA PROMETIDO ANTERIORMENTE
Olá Amigo,achei que o seu poema era uma filosofia contrariada. De facto gostei por que me fez puxar pelo bestunto para o perceber e eu gosto de desafios. Agora estou analisando a lava que está calcionando as vertentes, tá? Bom. Um abraço. Vólena