Poemas : 

FIM

 

Já não me esperas do outro lado do arco-íris
Nem há um pote de ouro a brilhar nos teus olhos
Não há sequer a esperança de um beijo

Na pedra-mármore dos teus lábios
Uma ponte romana a atravessar-te o coração

Findou-se a tua imagem na água do meu rosto
Um narciso definhou na seca deste estranho desejo
Já não resta ninguém dentro de nós

Vês ali ao longe o que fomos?
Repara como os brinquedos parecem ruir das nossas mãos
E o tempo é como uma pasta de chocolate espanhol
Derretendo nos dedos das alfândegas

E os que perdemos por não nos sabermos amar
E os que falimos
E todos a quem estendemos a mão e caíram
Já não estão mais dentro de nós

Estamos estranhamente sós na derrocada do beijo

Não resta mais nada nesta terça-feira de fel
Só a folha em que nos embrulhamos
Mortalha que nos fuma, azia de cactos

Pode um amor morrer de solidão?


O meu verdadeiro nome é José Ilídio Torres. É com ele que assino os meus livros.
Já publiquei 12 obras em géneros diversos: crónica, romance, conto e poesia.
Foi em 2007, aqui no Luso, que mostrei pela primeira vez.

 
Autor
SilvaRamos
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/03/2013 20:58  Atualizado: 24/03/2013 20:58
 Re: FIM
este fim chega a doer de tão belo...o amor acho que não morre, nem de solidão, por mais acompanhada que ela seja, nem de abandono...acho que não, o amor não morre, ele fecha os olhos por uns instantes, talvez passe pelas brasas ou durma uma sesta, mas não, o amor não morre, apenas veste um pijama novo..

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 26/03/2013 21:32  Atualizado: 26/03/2013 21:32
 Re: FIM
Sem palavras fiquei aqui sorvendo toda essa beleza visceral...
...morri...de amor!
Vou levar para ler mais!

(Abraços)
Lápis