Poemas : 

A travessia no deserto I - areias escaldantes

 


Navegando sem camelo no deserto,
caminhada penosa sob o sol candente.
No terceiro dia contemplando tanto vazio,
não há colinas, vales, nem montanhas.
Todo vazio preenchido pelas dunas,
rugosas vagas de areias escaldantes,
que me preenchem o corpo, me tomam a alma.
Não há aljôfar de areia, muito menos gotas.
o gosto é salgado e seco na garganta,
areias sulcadas pelo vento constante.

Estou em meio à areia, em torno da areia,
deslizando em montes, verdadeiro mar,
sob um céu, pálio dossel de miríades de estrelas.
Assim caminho, navego nesse cruel deserto,
acompanhado pelo sol somente,
ouvindo canções do vento alisando as vagas,
remodelando as dunas sob o sol inclemente.
Mares sem fim de dunas rugosas,
onde o sol se põe e outra vez nasce,
sem horizontes, oprimindo minha visão.

Como apenas para manter triste diálogo,
essa longa e melancólica conversa com a areia,
de quando em quando tiro grãos dos olhos,
e cessa a conversa com a garganta seca.
não há ilhas, falésias nem costas,
nenhuma semelhança com as bordas,
do mar em forma de praias.
viajante vêm apenas sargaços de areia,
sem pegadas para marcarem a rota,
mesmo de forma fugaz e ilusória,
diante da aleivosa teimosia do vento,
alisando frequentemente as dunas.

Aqui não há palhetas de cores,
o branco o negro, verde, o vermelho,
cedem sob a cor monótona da areia.
O mar à direita, à esquerda, para trás,
à frente, todas as direções e lugares.
Aqui não há trilhas e nem estradas,
não há fragatas, corvetas nem canoas.
Não se navega de encontro à terra alvissareira,
os viajantes não estão flutuando ,
como um barco no mar,
vislumbrando contra a luz seguro porto.

Do leste a oeste nem uma nuvem,
tenta obscurece a abóbada do céu,
adornar picos de montanhas altaneiras.
Não há animais a correrem pelos campos,
sob as asas abertas dos pássaros,
nenhuma trilha de flores de cerejeiras;
nunca haverá um arco de luz,
que paira sobre ele indicando meio e fim,
começando na montanha com final num lago ,
sob ruído da grama ao farfalhar no vento.

o caminho no deserto é vazio,
sem começo nem fim, rumo ao nada,
não há qualquer vestígio de um relógio,
a marcar o final da infeliz jornada.


 
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sarcopio
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1873
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Enviado por Tópico
fotograma
Publicado: 06/06/2013 00:26  Atualizado: 06/06/2013 00:26
Colaborador
Usuário desde: 16/10/2012
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Mensagens: 1473
 Re: A travessia no deserto I - areias escaldantes
paisagem viva, a persona da narrativa

jornada por uma jangada que abarca dunas, dura dias entre vagas preces ditas entre dentes. mastiga o vento e siga vendo o nada

Enviado por Tópico
Propoesia
Publicado: 25/06/2013 13:41  Atualizado: 25/06/2013 13:41
Usuário desde: 14/11/2012
Localidade:
Mensagens: 351
 Re: A travessia no deserto I - areias escaldantes
Quem toma para si o papel de crítico literário (mais ferrenho que com galhardia...), corre o risco de chamar a si predadores

e, não sendo eu predador, sinto-me confortável para "dar umas dentadinhas" (tenho o direito, não?...)- pela pouca amostra que vi, debruço-me sobre este poema em particular: trabalho pesado, redundante, confuso (fala de areias a perder de vista, para logo a seguir se referir a um mar "à direita, à esquerda, para trás" (sem qualquer subtil metáfora a fazer-se subentender), recheado de imagens gastas, sem qualquer revisão de pontuação... ...

PP