Poemas : 

Ensaio sobre a inveja

 
Desde que o tempo é tempo, o verme do vício da alma
É a pausa antes da punhalada, para depois ver o sangue escorrer com calma
Admiração doentia, vezes confusão sexual, real insanidade
É o mesmo que brinca com a estima e pede humildade
É o fiel da balança que pesa a maldade
Um pesar alheio por tudo, ou quase tudo, alheio
Irmã da paixão desvairada e do ciúme, ela está no meio
O cumulo dela mesma, os invejosos invejam até os invejosos
É a tapinha nas costas, é um falso sorriso e olhos nervosos

Como ladrão que rouba ladrão
Dizem se ocupar, mas esperam os anos de perdão
São vampiros, alimentam-se da vida alheia
Para não se alimentar da própria vida
Fazem do ser terra estéril onde o bem não semeia
Vão chamá-lo de “meu querido” e “minha querida”
Sondam o coração do homem e o que o faz bater
Instintivamente se riem ao ver perecer

De mãos espalmadas negam invejar, rezam até de joelhos
Reproduzem em suas mentes inimigos, tal qual coelhos
Negam as intenções procurando o espelho para se ver
Apontam o dedo do implacável Deus de Abraão
Somam pesadelos com uma fila de fantasmas a cobrar
Fazem-se magoadas, julgam e enfim jogam corpos ao mar
Acusam santos de bruxaria e os queimam na fogueira da inquisição
Mas o inevitável é que se afogam de fato, carburam de fato, e pelo reflexo do espelho vêem-se perecer.

 
Autor
joaovictor.azfe
 
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