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DARK VOICES

 
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DARK VOICES


Sinto a soturna brisa adentrar a casa através da soleira da porta
Da cozinha. Ela rocega a face minha
De maneira quase não-sensitiva
Todavia, felizmente, seu suave frescor tenuemente frio a denuncia


Com ela, vagalhões de imagens vêm á boca da superfície:
Imagens que evocam as relíquias perdidas na arca gasosa
De eras recentemente remotas e outras em índole assaz
Diversa. A bem da verdade, diversa por gostar de seguir a
Trilha deixada pela momentaneidade: esta sempre a descerrar
O gás da contínua viagem. Sempre a carregar consigo um olhar
De transato, como quem sempre esteja a pedir carona ao estuário:
Estuário da imutabilidade


No entanto, como por encanto, as duas
Nuanças, de natureza tão híbrida, se encontram, se irmanam, se
Fundem, se corporificam: a formar uma só substância, uma tão-só
Massa, somente um único conjunto de partículas. Sim, partículas
Congregadas em torno de um ideal. Ideal de me enclausurar em
Bosques labirínticos do ostracismo, onde me aterrem os meus Mais recônditos medos selvagens, meus intermitentes remorsos, o
Lancinante olor da saudade. Enfim, o rosto medúsico do vazio
A dardejar seu sorriso além d’amplidão entorpecedora do espaço
Inefavelmente expansivo



Não obstante a tortura
Não obstante a tormenta
Não satisfeitas, elas se transmudam em pavorosa sinfonia de Hienas. Ah, elas caminham sobre o asfalto da rodovia que nos
Leva á ópera da coruja, ao metálico concerto do corvo:
Os quais esperam ansiosamemente o verter do sublime crepúsculo
Imorredouro
Oh, mas elas convertem-se, afinal, no réquiem uníssono da presa
A saber ser finda a luz que nela se assenta, se aviva, Acenda!


Depois... paira o som
Depois... reina a ressonância tácita
Depois... o crepúsculo das eras fragorosas, onomatopéicas, Profundamente ressoadas
Depois... a reverberação da vacuidade da magna voz:
Magna voz que se cansa e se açaima
Magna voz que, ao se calar, deixa o dantesco gosto da bile
Ressoar na boca da nascitura madrugada:
Madrugada da moribunda aurora pálida!






JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA





 
Autor
jessé barbosa de oli
 
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