Sinto-me perseguido
sem saber o que me persegue,
no limiar do desespero
e para todo lado que olhe, esse sentido
sem que o negue,
é uma emoção que não quero!
Vejo nos olhos de outrem
e nos olhos de toda a coisa que existe
esse olhar omnipresente que me fita;
esse sentir sem,
ou com total, que subsiste
e em que ninguém acredita.
Acorda comigo, está lá
atrás do meu ombro inimigo
essa infeliz presença.
Um hábito velho que não há
mas que vive comigo
e não há quem do contrário me convença!
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.