Sonetos : 

A LIRA E A FLAUTA -- origens da flauta

 
Tags:  SONETOS 1995  
 
A LIRA E A FLAUTA -- origens da flauta


Souberam-me, contudo, alta Clio, outro conto:
Quão irrefreável é, deverasmente, Amor!
Por -- do grande deus Pã -- ousar-se vencedor,
Fê-lo inventor da flauta e a impôs ao contraponto.

Embora de Hermes filho, era Pã velho e tonto...
E se vê justo então de Siringe amador.
Declarando, porém, à bela ninfa amor,
Ela, por não o amar, nega-se já de pronto.

Siringe, a caçadora, avança agora caça.
Para diante do rio e roga ajuda às manas
A escapar do feio Pã, que à pressa logo passa.

E Pã tenta a abraçar, mas só abraça canas...
D'elas ouve um queixume, achando alguma graça.
E sopra a flauta Pã, para as paixões humanas...

* * *


Ubi caritas est vera
Deus ibi est.


 
Autor
RicardoC
Autor
 
Texto
Data
Leituras
896
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
6 pontos
6
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
RicardoC
Publicado: 23/09/2015 13:12  Atualizado: 23/09/2015 13:12
Usuário desde: 29/01/2015
Localidade: Betim - Minas Gerais - Brasil
Mensagens: 4864
 Re: A LIRA E A FLAUTA -- origens da flauta
PÃ e a flauta de sete tubos

Pã (gr. Πάν) era, provavelmente, um antigo deus da fertilidade ligado à natureza e ao pastoreio. Meio-homem, meio-bode, originário da Arcádia, era o deus dos pastores e rebanhos, da caça, das paisagens montanhosas e da música rústica.

Sua ascendência é um tanto nebulosa, mas era considerado, em geral, filho de Hermes e de uma ninfa, ou da filha de Driopos, uma mortal (h. Pan). Tinha chifres, orelhas e pernas de bode, e vivia nas montanhas e florestas da Arcádia caçando, cantando, dançando e perseguindo as ninfas, com escasso sucesso — Sírinx, Eco, Pitis, pelo menos, escaparam dele. Às vezes participava do cortejo que acompanhava Dioniso, e tinha mais sucesso com as mênades.

Quando perturbado no calor do meio-dia, hora em que habitualmente descansava, tornava-se perigoso: estourava manadas, causava pesadelos e induzia terror ("pânico") nos perturbadores (Theoc. 1.16). Às vezes, era responsabilizado pelo pânico noturno, ou pelo medo que os viajantes às vezes sentiam quando passavam por lugares selvagens e ermos.

A "flauta de Pã" (gr. σῦριγξ) foi uma invenção do próprio deus. Ao perseguir, sem sucesso, a ninfa Sírinx, ouviu o som do vento agitando os caniços às margens de um rio, e teve a idéia de cortá-los em diferentes tamanhos e uní-los com cera. Em outras versões, a ninfa transformou-se nos caniços, para fugir do deus. Ao soprar o instrumento, encantou-se com a beleza dos sons e batizou-o de siringe, em homenagem à fugitiva.

Pã tocava a flauta com grande maestria e ensinou essa arte a outros, como Dáfnis, por exemplo (h. Hom. 7.15; Theoc. 1.3). De acordo com tradições tardias, certa vez desafiou Apolo para um torneio de flautas e Midas, o rei da Frígia que arbitrou a disputa, deu a vitória a Pã. Inconformado, Apolo fez com que crescessem orelhas de burro no juiz.

Segundo Heródoto (6.105), o deus foi visto pelo ateniense Fidípides durante as guerras médicas, pouco antes da batalha de Maratona, e prometeu incutir terror nos persas, se os atenienses o reverenciassem. Vencida a batalha pelos atenienses, seu culto foi instituído em uma gruta localizada no sopé da acrópole de Atenas.

FONTE: http://greciantiga.org/arquivo.asp?num=0684

Enviado por Tópico
RicardoC
Publicado: 23/09/2015 23:07  Atualizado: 23/09/2015 23:07
Usuário desde: 29/01/2015
Localidade: Betim - Minas Gerais - Brasil
Mensagens: 4864
 Re: A LIRA E A FLAUTA -- origens da flauta
Alexandrinos - todo verso alexandrino é dodecassílabo, mas nem todo verso dodecassílabo é alexandrino.Para que um verso dodecassílabo seja alexandrino, deve ser composto de dois hemistíquios, ou seja dois versos hexassílabos (6 sílabas métricas)independentes sendo que o primeiro deverá ter sempre terminação aguda ou grave -jamais esdrúxula. Se for grave, deverá fazer elisão com a primeira sílaba do segundo hemistíquio(verso).

FONTE: http://eusoneto.blogspot.com.br/2010/ ... etos-eloah-borda.html?m=1

Enviado por Tópico
RicardoC
Publicado: 24/09/2015 16:17  Atualizado: 24/09/2015 16:17
Usuário desde: 29/01/2015
Localidade: Betim - Minas Gerais - Brasil
Mensagens: 4864
 Re: A LIRA E A FLAUTA -- origens da flauta
Apolo (gr. Ἀπόλλων) era o deus das profecias, da medicina e da música, também associado ao pastoreio e ao sol. Na época clássica o sol era por vezes chamado de "carro de Apolo" e, talvez por isso, ele tenha sido considerado também o deus da luz e da juventude.

Não há menção segura a Apolo nas tabuinhas micênicas; como na Ilíada ele já aparece bem caracterizado, é provavel que sua origem remonte à Idade das Trevas. Há algumas semelhanças entre Apolo e divindades da Ásia Menor, mas isso é insuficiente para considerá-lo de procedência oriental.

Apolo era considerado filho de Zeus e de Letó, e irmão gêmeo de Ártemis. Nasceu na ilha de Delos e a parteira foi ninguém menos que a própria Ártemis, nascida poucos minutos antes. Depois de passar algum tempo entre os Hiperbóreos, no extremo norte do rio Oceano, dirigiu-se a Delfos, onde matou uma serpente, Píton (ou Delfine, conforme a versão), filha de Gaia. Esse mito simboliza a supremacia dos "novos" deuses olímpicos, associados à luz, sobre as antigas divindades ctônicas, associadas à terra.

Em Delfos, Apolo consagrou também a trípode, um de seus atributos, onde antes existia um antigo oráculo de Gaia ou de Têmis, instituindo então o famoso Oráculo de Delfos. As respostas ambíguas dadas pela sacerdotiza, a pítia, valeram-lhe o epíteto de Lóxias, "o oblíquo".

Apolo era considerado o deus da música e, embora as lendas relatem que Hermes inventou a lira e a flauta, foi Apolo que, tocando-as, levou-as à perfeição. Ele dirigia, no Olimpo, o coro das Musas e a dança das Cárites, suas irmãs, e entretia os demais deuses olímpicos com a lira.

Os amores

Apolo não se casou, porém teve muitos amores, e praticamente nenhum foi bem sucedido. Apesar de sua divindade e beleza, era sistematicamente recusado tanto por divindades como por mortais.

A ninfa Dafne pediu que os deuses a transformassem em loureiro (gr. dáphne) para fugir das investidas de Apolo. Coronis, filha de um rei da Tessália, e Marpessa, filha do rei da Etólia, abandonaram o deus e se uniram a homens mortais. A princesa troiana Cassandra prometeu se unir a ele caso o deus lhe ensinasse a arte da profecia, mas não cumpriu sua parte. Apolo, então, fez com que ninguém acreditasse em suas profecias que, no entanto, eram sempre corretas.

Além de Dafne, dois outros mitos relacionam os amores de Apolo com os vegetais: o de Ciparisso e o de Jacinto. Ciparisso, um belo rapaz amado por Apolo, matou acidentalmente um veado, seu animal de estimação. A tristeza foi tão grande que o jovem pediu aos deuses que suas lágrimas durassem eternamente; foi, então, transformado em cipreste (kypárissos, em grego), a árvore da tristeza.

Jacinto, por quem tanto Apolo como Zéfiro, o vento oeste, estavam apaixonados, morreu acidentalmente. Ele e Apolo se divertiam lançando o disco, e Apolo atingiu-o sem querer (o ciumento Zéfiro, em algumas versões, desviou o disco de propósito). Desgostoso, o deus transformou-o em uma flor, o jacinto (gr. yákinthos), para imortalizar seu nome.

Asclépio
Apesar de tudo, Apolo conseguiu se tornar pai. Seus filhos mais conhecidos foram o herói Aristeu, que teve com a ninfa Cirene; o herói-deus Asclépio, nascido de Coronis; Naxos e Mileto, heróis epônimos da ilha e da cidade homônimas, nascidos de Acacális, filha do rei Minos; e, segundo alguns mitógrafos, teve filhos também com uma ou duas Musas.

Outros mitos

Apolo era um arqueiro excepcional, e suas flechas eram capazes de produzir doenças e de causar morte súbita entre os homens. Embora tocasse "divinamente" diversos instrumentos musicais, era mais comumente associado à lira. Não era um bom esportista, como atestam os episódios de suas disputas musicais com Pã e com Mársias.

FONTE:http://greciantiga.org/arquivo.asp?num=0181

Enviado por Tópico
RicardoC
Publicado: 25/09/2015 10:58  Atualizado: 25/09/2015 10:58
Usuário desde: 29/01/2015
Localidade: Betim - Minas Gerais - Brasil
Mensagens: 4864
 Re: A LIRA E A FLAUTA -- origens da flauta
CRONOLOGIA DO CERTAME MUSICAL

Mediante um estudo comparado, identificamos 13 fases
do mito (Ver gráfico em anexo):
1. Invenção do aulós por Atena.
2. Aulós imita grito gorgoneano.
3. Deformação do rosto (imagem espelhada no leito
do rio).
4. Atena rejeita o aulós.
5. Mársias acha o aulós.
6. Mársias desafia Apolo.
7. Disputa entre Mársias e Apolo.
8. Apolo propõe competir com instrumentos trocados
(versão alternativa).
9. Apolo vencedor.
10. Mársias arrepende-se e suplica perdão.
11. Castigo e sacrifício de Mársias por Apolo (esfolamento,
escorchamento ou desolhamento).
12. Olimpos, Ninfas, animais das montanhas e outros
seres selvagens lamentam, em prantos, a morte de
Mársias.
13. Nascente do rio Mársias, na Frígia, encontra-se
onde o sátiro homônimo fora esfolado por Apolo
(trata-se de uma presença do mito numa explica-
ção mitológica da toponímia frígia).

FONTE: http://revista.classica.org.br/classica/article/view/77

Enviado por Tópico
RicardoC
Publicado: 25/09/2015 14:28  Atualizado: 25/09/2015 14:28
Usuário desde: 29/01/2015
Localidade: Betim - Minas Gerais - Brasil
Mensagens: 4864
 Re: A LIRA E A FLAUTA -- origens da flauta
Febo ("brilhante, luminoso") era o deus romano equivalente ao grego Apolo, de cujo nome passou a ser um epíteto. Irmão gêmeo de Diana, também conhecida por Ártemis, e também filho de Júpiter com Latona. Personificava a luz, era o deus das músicas, e o mais belo de Roma.

FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/Febo

Enviado por Tópico
RicardoC
Publicado: 26/09/2015 19:08  Atualizado: 26/09/2015 19:08
Usuário desde: 29/01/2015
Localidade: Betim - Minas Gerais - Brasil
Mensagens: 4864
 Re: A LIRA E A FLAUTA -- origens da flauta
Série de sonetos escrita por mim em 1995, A LIRA E A FLAUTA são os primeiros sonetos alexandrinos que publico no LUSO-POEMAS. Eu parei de escrever dodecassílabos há cerca de quinze anos, procurando me especializar no verso heroico e na redondilha maior. Via os alexandrinos como vão virtuosismo e foi com muito esforços que os revisei no afã de torná-los menos rebuscados. Espero que algum sucesso...

A história do duelo musical me interessou então como exercício de imaginação, pois, percebi que mais do que simplesmente recontar os mitos eu poderia propor discursos e poéticas para suprir as lacunas da própria história conservada a partir do originais da antiguidade. Por isso intentei em pôr no lugar de Apolo e imaginar qual foi a canção que ele cantou para virar a partida diante de Mársias e mesmo quais a razões de Mársias para a temeridade de enfrentar o Febo...

Por fim, escrevi por achar que a história tal como me foi apresentada pelos mitólogos e poetas não havia dito tudo o que eu julgava digno de interesse. É isso.

Abraços, Ricardo Cunha.