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A LIRA E A FLAUTA -- o cantar de Apolo

 
Tags:  SONETOS 1995  
 
A LIRA E A FLAUTA -- o cantar de Apolo

— "Eu canto, amiga Erato, o amor em desventura.
Eu -- que então do Amor ri no uso que dava às setas --
Fui ferido d'amor, tal-e-qual vossos poetas.
Encantado por Dafne, uma ninfa tão pura..."

"Eu me achego atraído a sua formosura,
E lhe apresento à lira obras minhas diletas.
Mas Amor quer vingança e desgraça completas:
Avessa Dafne a mim, foge pela mata escura..."

"... E não alcanço a ninfa indo, confusa, embora.
Ela se transmutou n'uma árvore de louro
Às margens do Pereu, que invocou àquela hora..."

"Coroo-me em louros triste ao dia já vindouro,
Pois eu sou o deus-Sol, que anseia tocar a Aurora,
Sem alcançar, no entanto, o seu coche alvilouro..."



Ubi caritas est vera
Deus ibi est.


 
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RicardoC
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Enviado por Tópico
RicardoC
Publicado: 25/09/2015 16:53  Atualizado: 25/09/2015 16:53
Usuário desde: 29/01/2015
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 Re: A LIRA E A FLAUTA -- o cantar de Apolo
APOLO E DAFNE

Ovídio disse nas Metamorfoses que o primeiro amor de Apolo foi Dafne, uma ninfa, mas o amor acabou frustrado por Eros, que lançando sua flecha de chumbo contra a ninfa, fê-la rejeitar o deus, enquanto que dirigindo sua flecha de ouro para Apolo, provocou-lhe intensa paixão. Teve motivos para isso, pois Apolo havia desdenhado da habilidade do deus do amor com o arco e gabado suas próprias vitórias. Depois de ser incansavelmente perseguida por Apolo, Dafne suplicou para seu pai para que fosse transformada em um loureiro. Apolo declarou então que o loureiro seria sua árvore sagrada. Os vencedores dos Jogos recebiam uma coroa de folhas de loureiro.

FONTE: http://cantinhodosdeuses.blogspot.com ... 011/03/deus-apolo_07.html

Enviado por Tópico
Semente
Publicado: 25/09/2015 18:31  Atualizado: 25/09/2015 18:32
Membro de honra
Usuário desde: 29/08/2009
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 Re: A LIRA E A FLAUTA -- o cantar de Apolo
Uauuu!!!...

A maneira de o cantor de "Os Lusíadas", e da forma bela como ele enalteceu o Olimpo, teu soneto, maravilhou-me pela riqueza e tessitura do conjunto, poeta Ricardo!!

Não sinto aqui, apenas um soneto, de métrica perfeita, é a poesia que sobressai, me deleitando o olhar e o sentir.

Que mais posso dizer, aprendiz ainda que sou, dessa sua obra poética? Simplesmente, MARAVILHOSO!!

Favoritei com louvor!!

Abraços, amigo!!


Enviado por Tópico
RicardoC
Publicado: 26/09/2015 19:12  Atualizado: 26/09/2015 19:12
Usuário desde: 29/01/2015
Localidade: Betim - Minas Gerais - Brasil
Mensagens: 4865
 Re: A LIRA E A FLAUTA -- o cantar de Apolo
Série de sonetos escrita por mim em 1995, A LIRA E A FLAUTA são os primeiros sonetos alexandrinos que publico no LUSO-POEMAS. Eu parei de escrever dodecassílabos há cerca de quinze anos, procurando me especializar no verso heroico e na redondilha maior. Via os alexandrinos como vão virtuosismo e foi com muito esforços que os revisei no afã de torná-los menos rebuscados. Espero que algum sucesso...

A história do duelo musical me interessou então como exercício de imaginação, pois, percebi que mais do que simplesmente recontar os mitos eu poderia propor discursos e poéticas para suprir as lacunas da própria história conservada a partir do originais da antiguidade. Por isso intentei em pôr no lugar de Apolo e imaginar qual foi a canção que ele cantou para virar a partida diante de Mársias e mesmo quais a razões de Mársias para a temeridade de enfrentar o Febo...

Por fim, escrevi por achar que a história tal como me foi apresentada pelos mitólogos e poetas não havia dito tudo o que eu julgava digno de interesse. É isso.

Abraços, Ricardo Cunha.