Sonetos : 

ARCÁDIA ULTRAMARINA - fugere urbem

 
Tags:  SONETOS 1995  
 
ARCÁDIA ULTRAMARINA - fugere urbem
para Basílio da Gama, o Termindo

Se nem urbe nem orbe cabem-me a alma
E os terrores do século acompanho,
Percebo em meio às luzes mal tamanho
Que nenhuma esperança mais me acalma.

Se nem urbe nem orbe têm uma outra palma
Senão aquela dada aos maus co’o ganho...
As guerras das Missões à pena apanho
E, sul-americano, acuso o trauma.

Se nem urbe nem orbe, entre excelências
Sua Alteza despótica esclarece:
--“Fugira ao urbano por cultivar ciências...”.

Sem Deus ou Papa, resta ainda a prece
E ante a loucura toda, reticências...
--“Céus, tudo é sempre pior do que parece!”.

Mariana – 20 08 1994


Ubi caritas est vera
Deus ibi est.


 
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RicardoC
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1969
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Enviado por Tópico
RicardoC
Publicado: 08/10/2015 14:20  Atualizado: 08/10/2015 16:08
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 Re: ARCÁDIA ULTRAMARINA - fugere urbem
Nessa revisão, pude concatenar melhor as diversas narrativas e interesses. O mais interessante de cada soneto é a tentativa de mesclar vida e obra tendo em vista as divisa latinas que procuravam nortear a produção literária árcade.

Por isso esses sonetos me parecem tão estranhos hoje: são anafóricos e ainda citam a divisa latina traduzida no corpo do poema. Talvez soe artificial tantas normas dentro das normas normais... O facto é que nunca mais escrevi assim. Na verdade, vejo como uma fase de transição importante esse ciclo de sonetos dentro do meu estilo pessoal. Até 1995, eu adorava rebuscamentos e jogos de palavras no texto poético... Eu sacrificava a clareza do conteúdo em nome dos mais questionáveis efeitos sonoros, imagéticos e mesmo gráficos nos poemas.

Esses sonetos, portanto, têm muito desse afã por figuras de linguagem e de retórica que me encantava então.

Oxalá se aproveite algo de bom deles!...

Abraços, RicardoC.

Enviado por Tópico
RicardoC
Publicado: 09/10/2015 23:18  Atualizado: 09/10/2015 23:18
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 Re: ARCÁDIA ULTRAMARINA - fugere urbem
Saudações, luso-poetas.

Concluída a publicação da série de dez sonetos "ARCÁDIA ULTRAMARINA". Amanhã publico a série completa, tl como fiz com A NINFA e TRÍPTICO.

Obrigado àqueles que leram e comentaram.

Abraços, Ricardo Cunha.