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O grande Caderno Azul - XIII

 
XIII

Manhã no oficina - Pronto para cortar os ferros das grades da Gari Rose, a bela morena simpática. O clima tenso na cidade, devido a onda de violência - ônibus queimados,, delegacia metralhadas, policial militar assassinado - tudo vindo das facções criminosas que estão imperando no Complexo Penitenciário de Pedrinha estão espalhando o terror na população.
10 e alguns trocados - Os ferros dos dois portões já foram cortados, portanto missão cumprida.
- Oh! Irmãozinho meu gás acabou - Lamentou-se da calçada a irmãzinha, a moreninha rechonchuda que mora com um conhecido meu e que sempre quando passa fala comigo, mais cedo perguntou-me se gosto de vodka. Ela tem um resto num litro. É impossível não reler Balzac quando necessário.O meu calção fedido.Pra meu deleite três monstros sagrados que enriqueceram muito a arte literária em seus respectivos países: Dostoiévski, Dickens e Balzac - o triunvirato da literatura mundial. Releio "Crime e castigo", "As Aventuras de Sr. Pickwick" e "Esplendores e Misérias das Cortesãs" - obras representativas com personagens distintos. Tendo como cenários de fundo cidades inesquecíveis: Petersburgo, os arredores de Londres e a mítica Paris.
Talvez onze e meia - Acho que me concentrarei na leitura de Balzac, a sua narrativa me prende.

Começo da tarde - Meio-dia e quinze minutos - No aconchego do lar dos Bambas/ Vila Embratel.
Começo da noite - 18;00 - No terraço, onde a pequena Adrielle brinca com seus brinquedos imaginários. Uma brisa fresca com ar salgado vem da costa distante.Os mangues com suas folhas verdes,por uma pequena brecha vejo um pedaço do rio co sua agua cinza. Os vizinhos Correianos no tradicional jogo de dominó. Da Praça Sete Palmeira vem o barulho peculiar da oficina de serralheiro que desempena alguma barra. Uma amiguinha de Sara entra a procura de Antenor. O céu e nuvens plúmbeas prenuncio de chuva. O tempo esfriou um pouquinho. Abriu uma brecha entre a oficina e o Salão Costa.O dedo lateja.O congelador esta esvaziando. Sinal que as coisas vão piorar. Peço a Deus que mande uns bicos para um dinheirinho extra ou vamos passar por uma situação delicada. Minha cunhada ainda não caiu na real e continua a manter a mesma postura, diz uma coisa e faz outra. A lâmpada com a luz rósea no poste se acende. As pessoas não querem mudar seus hábitos alimentares. Quando tenho dinheiro não janto -compro pão satisfaço a minha fome.
É hora do Angelus!
Queria escrever algumas particularidades, mas me auto-censuro. Basta os meus problemas insolúveis, o affaire Deline - esse é pior de todos, uma serie de sequencias mal-elaboradas que acabaram transformado-se numa enorme bola de neve que parece não ter fim. As vezes me sinto tão deprimido com a real situação que penso que a melhor situação seria morrer. Mas nem para isso sirvo, morrer. Um Boeing acima das nuvens e seu barulho infernal. releio Dickens pela amanhã até ao meio dia e a tarde é de Balzac.
18;45 - A casa alvoraçada com a chegada de minha sobrinha Daniele que veio buscar a pequena Adrielle que pula num pé só de alegria. O companheira dela e pai do primogênito espera no carro estacionado em frente.Abusada da cadela Chambinha late no terraço.

 
Autor
r.n.rodrigues
 
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