PENÉLOPE

Sim, tem razão... O que vivi e projetei na personagem de Penélope foi a ideia de que esperar pelo amor que tarda pode tornar angustiante a vida.

A gente se vê cercado de possibilidades tal como a rainha de Ítaca e seus inúmeros pretendentes... Ela não escolhe nenhum e tampouco eles se vão embora! Presa às convenções da realeza, ela vê sua juventude acabar enquanto o filho se torna um homem que a recorda, a cada instante, o marido perdido; o herói afamado; o rei insuperável; o amado inesquecível. Como recomeçar a vida ao lado de outro? Sem embargo, ela não pode deixar vago o trono: É seu dever dar um rei para Ítaca mediante novas núpcias!

Penélope é lembrada como modelo de fidelidade por sua teimosa esperança no retorno de Ulisses. Todavia, não é uma espera tranquila. A viuvez real conflita com o casamento sonhado... E a vida se torna tão-somente essa espera.

No afã de ser livre, ela gostaria de simplesmente partir, deixar o palácio... E sem mais Ulisses ou qualquer um dos pretendentes, contempla o miserável que vai aonde quiser. E o inveja!

Obrigado, samisee, pela leitura atenta. Desculpa-me ainda se me alonguei, mas é porque eu gosto muito desse soneto e desse olhar que pude ter através de Penélope.

Abraços, RicardoC.