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e:mails de um amor efemero - X

 


Samedi, 07 de novembre

Bom dia, minha distante e amada Sapidacia amada!

07:07 - L'atelier de la vie

Tempo nublado. Em mim - dentro de mim faz sol, as flores desabrocham aos seus cálidos raios matinais, os passarinhos em festa em seus ninhos. Os cães no quintal. Herr Bethoven enciumado porque uma de suas concubinas faz festa para mim; Ele late roucamente.
- Guten Morgen, Herr Bethoven ! Falo irritado, a mais bela de suas cadelas continua pulando sobre as minhas magras pernas. Ele late tenta conte-la. Mas ela esta impossível. Desde ontem quando recebi vosso E:mail, a treva que pairava sobre mi se fez luz e ao abrir o msn e vê seu nome em on(verde), meu coração disparou - a minha ocitosina foi a mil. Passei o dia todo pesando ti e numa maneira de conversamos como bons amigos que somos e além do mais, minha parceira e consultora literária.paixão louca mal-acabada. Mas o mundo estava contra nós. Ansiava para abrir o meu e:mail pela manhã, pois algo me dizia que havia alguma coisa que nos uniria mais no mesmo sofrimento. Mas o Dono da Cruz não apareceu e nem outro serviço que disse para ganhar um dinheirinho. Comprei o jornalzinho fiado para o meu filho e fui deixa-lo na volta encostei na Lan, onde o gerente é meu amigo e fã e sempre passo o cartão. Mas ele e seu irmãozinho já haviam desligado todos os computadores.

12:51 - acabo de fala com você e isso me deixa muito feliz. Sinto muito pela morte da mãe de nosso pequeno Paulinho, mas ainda bem que ele rem você, assim como eu tenho você minha sapidacia, querida, uma boa tarde - o meu tempo se acaba, mas o meu sentimento por ti aumenta a cada dia, um abraço e até a noite, minha maluquinha que tanto amo. Au revoir! beijos

Domenica, 07 de novembro

- Buena sera, mia Sapidacia querida!

2l:40 - Lan dos Gordinhos

Um dia normal. Dormi bem e acordei um pouco mais tarde. As sete abri a oficina. E não tendo nada para fazer, dediquei-me a leitura de Sargento Getúlio, um livro bem interessante, numa linguagem diferente, mas bem concisa. As onze fechei e fui para casa. me aboletei no diva da pequena sala grande da Maison Bamba. E me deixei levar pela prosa especial do mestre Ubaldo... dei gostosas gargalhadas. As uma e meia almocei e depois descansei um pouco. As quatro levantei-me, puxei agua da cisterna e tomei um gostoso banho numa tarde quente. Apanhei o Sargento e desci para a oficina. Uma típica tarde vila-embratelina, as pessoas nos bares, na praça, crianças jogando bola na rua, casais evangélicos indo com a família para os seus cultos... abri a oficina e coloquei a cadeira na calçada e retomei a minha aventura pelo sertão das Alagoas na pessoa do brabo Sargento Getúlio... as seis e meia terminei o livro e retomei a leitura de "Os Sonhos não Envelhecem" de Guedes - emocionei na parte do Festival, lembro-me vagamente dele, eu tinha oito anos. E a musica que ouvi daquele negro simpático e humilde até hoje permeia a minha existência. A letra dessa musica bate muito em mim... tem uma poesia bem trabalhada, assim como seus versos. Por isso não gostei quando você me falou que quer a abandonar a tua poesia, nunca falei isso - primeiro, será que a poesia vai te abandonar. Passei mais de trinta anos sem compor poemas, mas ano passado estimulado pela boa recepção que os mesmo alcançaram nos sites franceses, forçaram a voltar... queria contar em suaves pinceladas poéticas o cotidiano num pais dos trópicos... e deu certo... comecei a buscar fatos corriqueiros mas com uma densidade poética... e eles adoraram... ai veio a fase da separação que mexeu muito e fiz aqueles poemas sentimentais carregados de dor e etc...
agora estou sem fazer, mas qualquer momento escrevo.... mas vou seguir mesmo o teu conselho e dedicar-me a prosa, por isso estou devorando vorazmente os livros que voce me deu... absorvendo novas técnicas narrativas... As sete da noite fechei a oficina e vim para a Maison Bambe - vesti-me para assistir mais um culto na Igreja do meu vizinho. Mas um culto familiar, eu o pastor, sua esposa e seus dois filhos..

 
Autor
r.n.rodrigues
 
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