Diz-me rio!
Porque mudou a cor do teu leito,
outrora azul, agora poluto e barrento?
- O que impede a chuva de cair
para alimentar o teu caudal
e devolver a vida aos peixes moribundos,
reféns de toneladas de plástico?
- Porque aquecem as tuas águas
roubando oxigénio ao plâncton
dos recifes de corais?
- Que ventos condicionam as tuas marés,
cada vez mais imprevisíveis,
deixando atrás de si um rasto de destruição?
- Porque gritam as gaivotas,
procurando alimento em terra,
numa mancha gávea faminta e enraivecida?
- Para onde a debandada de aves
sedentas de um ninho mais acolhedor,
se a mãe terra se transformar,
num deserto árido e inóspito?
- O que sente o ambiente
quando o “homem” não se comporta como “gente”?
Fernanda Esteves