Tinha papas na língua,
enrolava-a na boca suja
de pudor.
Nunca perdia um combate, nem luta,
nem saía da gruta seca onde morava.
Rabuja
dia sim dia não, sem ardor
e executa
pela calada, cova funda, escava.
Tinha e tem
os dois verbos que conjuga
num tempo sem futuro.
E sabe bem
que a sua fuga é contra o muro.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.
Porco é que será que decidi republicar isto a 12 de Março de 2022?