Poemas : 

Podia chover à tua porta

 
Nesta cimeira de nuvens, podia chover à tua porta

Inexplicável, o silêncio avança em nós devagar
Lentamente suspende as mãos despidas, de lágrimas
Como por magia revela um adeus entre fios de luar

E balança, à tua porta, balança à tua porta, balança

Estranho este constante sentimento de perda.
São nuvens sem chuva preenchendo o céu de cinzento
Vêm vazias, mostram-se frias e afastam-se

Como todas as despedidas sem palavras.


Viver é sair para a rua de manhã, aprender a amar e à noite voltar para casa.

 
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silva.d.c
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 22/03/2021 15:26  Atualizado: 22/03/2021 15:26
 Re: Podia chover à tua porta
Obrigada, silva.d.c, pela partilha deste poema intimista, de uma sensibilidade que sempre me toca. Gostei muito:)


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 23/03/2021 04:57  Atualizado: 23/03/2021 04:57
 Re: Podia chover à tua porta
*é um verso imenso de significado, de beleza, de sentimento...
"Podia chover à tua porta"
Abraçoka*


Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 23/03/2021 11:01  Atualizado: 23/03/2021 11:11
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 Re: Podia chover à tua porta
Uma leitura que gostei muito.
Tem um tom melancólico duma constância notável.
A chuva não é o estado do tempo mais desejado, duma forma global, mas logo aqui o sujeito poético mostra-se sendo diferente, e apresenta uma lógica razoável: se é para ter nuvens e o céu encoberto, ao menos que chova! Ainda que molhe, ainda que signifique a maior parte das vezes que está mais frio, ou que tenhamos que ficar por casa.
Convém não esquecer que ela, a tal chuva, é um bem essencial e que sem água não há vida.
Além de que a chuva tem um ruído característico quando cai...
Porque também o silêncio entra no poema, que assim como o cinzento, é um silêncio que afasta, que magoa.
O primeiro terceto também está bem conseguido do ponto de vista lírico, embora o último verso por algum motivo que não consigo explicar não me caia tão bem como os anteriores.

O balanço do silêncio, ao nível da imagem, coloca o poema num patamar muito alto. O sobe e desce, as flutuações de sentimentos que ele propicia parecem entrar num parque infantil e a repetição foi tão bem feita...

"...Estranho este constante sentimento de perda..."

Embora constante, ou por ser constante, nem nos apercebemos dele. Tudo é perder, ainda que isso seja uma visão pessimista, apenas é aliviado pelo facto de que quase sempre ele é antecedido pelo "de ganho", senão quão triste seria toda a existência.

As despedidas têm este amargo (sobretudo se têm bons começos) que soubeste tão bem poetar.

Bom voltar-te a ler num nível tão interessante.

Obrigado


Enviado por Tópico
Odairjsilva
Publicado: 25/03/2021 13:42  Atualizado: 25/03/2021 13:42
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 Re: Podia chover à tua porta
Me chamou a atenção o título e, ao ler, gostei muito do que vi. Abraços poéticos!!!