Poemas : 

Noturno 6.6

 
Há dentro de mim, um universo de vidas e apenas uma visível
As demais, a quem nego que se manifestem, cada qual pensa
Irrefletidas muitas delas, algumas políticas, outras cientistas
Difíceis de lidar eu sei, será que sei mesmo ou somente creio
Como desculpa de minhas falhas, haverá outro a quem culpar

Há dentro de mim essas tantas vidas, tão peculiares, tão iguais
Pouco de mim eu mesmo conheço, mas me quero, tão, lúcido
Estarei sendo duro demais? Outros, normalmente, são assim?
Ah, a quantos de mim renunciei pelo caminho, a cada desilusão
Em cada dia que o sol não brilhou e a chuva caiu inclemente

Há dentro de mim, mil vidas que se recusam a desistir e lutam
Tantas vezes preferi não fosse minha a dor invasiva e latente
Seremos, em breve, sessenta e seis almas a tatear pelo futuro
Uma a cada vez que que o calendário gira doze folhas a mais
Chegarei a fazê-lo? Ora penso serão mais e ora penso que não

Há dentro de mim, um universo de vidas e apenas uma visível
E por essa é que hei de resistir entre tantas que têm tombado
Estes são dias duros em que temos que nos esquivar do medo
Sem abandona-lo, todavia, pois o inimigo invisível é implacável
Resistir e até ousar, mas sem abusar da confiança imprudente

Há dentro de mim, vidas e vidas quais não pretendem se calar
Por vezes já fui pássaro. Asas abertas e, como limite, só o céu
E o desconhecido era aquela flor exótica de fragrâncias raras
Camuflei minhas asas, mas ainda sei voar, há horizontes por aí
Há, ainda, espero, muitas estradas a percorrer, muitas paradas

Há dentro de mim, uma vida que enfim encontrou outra vida
Alegra-me não estar só quando o trem partir à última estação
Cada um de mim, enfim tomará seu lugar, sentados às janelas
Tudo se revelará ao longo dessa, que será a maior das viagens
Quando todos nos reconheceremos, cada um afinal é quem é

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"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


Dia 18 completei 66 anos.
Esta foto de dois dias atrás, não tem a pretensão de exibição. Antes tem o intuito de agradecer a Deus. Agradecer, pois Ele me permitiu chegar a este ponto com saúde e disposição. Não sei porque fui merecedor da misericórdia do Pai, mas quero fazer por continuar merecendo ao passar do tempo. Agradeço a todos a licença dessa postagem.
 
Autor
Sergius Dizioli
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 20/05/2021 00:29  Atualizado: 20/05/2021 00:29
 Re: Noturno 6.6
Os meus eu ficaria num avião, eu vivo flutuando.


Enviado por Tópico
Legan
Publicado: 20/05/2021 11:06  Atualizado: 20/05/2021 11:06
Colaborador
Usuário desde: 26/01/2010
Localidade: Algures em Trás-os-Montes
Mensagens: 788
 Re: Noturno 6.6
Parabéns atrasados! Que continue a escrever e a postar seus escritos por muitos e muitos anos...

Abraço


Enviado por Tópico
Jmattos
Publicado: 20/05/2021 11:57  Atualizado: 20/05/2021 11:57
Usuário desde: 03/09/2012
Localidade:
Mensagens: 18165
 Re: Noturno 6.6
Poeta
Um belo poema e bela foto! Nem parece o senhor de chapéu!
Parabéns pela inspiração e pela passagem do seu aniversário! Meus votos de saúde, vitalidade e alegrias!
Abraço!
Janna