Da pena do poeta brota toda a dor do mundo
Um alvoroço e o abismo aplaude a triste ópera
A noite assesta o revólver a qualquer cidadão
As estrelas ocultam o pasmo coro do universo
Nos subúrbios da minha caneta há resistência
Não me apresentarei a nenhuma face da morte
As vozes dos fantasmas, no cobre vivo diluídas
As respostas da noite são silêncios impalpáveis
O homem dorme, o gato leso caminha os muros
Esta, cujo nome esqueci, é minha linda cidade
Que percorro com os olhos em caídas lágrimas
Anjos de fogo rugem invulneráveis das nuvens
Relâmpagos, trovões cerram os dias do outono
E com um bom trago da bebida de emergência
Eu faço iluminar a noite com um luar prateado
"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)