Poemas : 

o ministro

 
o lambão espetou uma verdascada na lambujinha, com a língua ávida de molho (o bichinho, já recozido, nem se queixou). a seguir, despejou uma bejeca de pilão e, sem querer, saiu-lhe uma mijinha que nem esperou pela chegada ao urinol. que inconveniente, que inconveniente.
exigiu um desconto pela indumentária molhada mas o rapaz de cara escarafunchada disse-lhe "vai-te mas é queixar ao totta!". à luz da lei, a consequência é imputada ao descuidado que se armou em chico esperto.
chateado, o pinante, lembrou que era ministro e que de leis percebia ele. "eu faço-as" e apeteceu-lhe fazer uma que lho desse dado e arregaçado.
o coitado do rapazola, que não sabia fazer mais nada do que servir à mesa, amagou-se. tirou do bolso uma nota esfarrapada, a da gorja da manhã e baixou as calças para não se ver no olho da rua.
e pronto, assim se faz a vida que, marreca, nunca mais se endireita.

Valdevinoxis


A boa convivência não é uma questão de tolerância.


 
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Valdevinoxis
 
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