Vejo no espelho os meus cabelos já grisalhos,
Qual as gotas de orvalho geladas no campo.
Hoje o meu retrato mais parece espantalho,
Feito de retalhos, desbotado e meio pampo.
Os amores antigos para bem longe já voaram
E aqui só ficaram suas saudosas lembranças,
Daquelas andanças e das noites de serenatas,
Do luar cor de prata e dos amigos de festanças.
Agora me considero bem menos do que nada,
Uma vida amarga é somente o que me espera.
Diferente d'outras eras, onde tudo eu podia.
Eu sou como um navio que perde o seu rumo,
Sinto-me fora do prumo e jogado às procelas,
Que me escapelam com uma intensa ventania.
Maringá, 05.05.08
verde