Deixa que a lágrima ultrapasse a margem de teus olhos
Deixa que o som profuso das ondas do mar te acaricie
Ainda assim segue tua ronda cantando com o coração
Encontrar a luz do sol é apenas uma questão de tempo
Cuidar que há caminhos de paz ou caminhos de guerra
Caminhos que podem fazer do teu irmão, o teu inimigo
Deixa que o eco de nossos passos surpreenda na noite
Deixa a tua alma segura entre terras firmes de sonhos
Ainda assim saibas que as sombras estão em equilíbrio
A alvorada trará a nova claridade e a água a seu curso
Toma-me a mão enquanto o sol brota vermelho do mar
Será assim que venceremos os atalhos até o dia nascer
Deixa que através da noite os sonhos imolem tua pena
Deixa que o silêncio cale a tua culpa diante do olvido
Ainda assim colonizadores da tristeza falarão de amor
A música da noite virá a julgar teu medo, tua pobreza
Se te perdes a balbuciar nos idiomas que outros falam
A falar sem amparo ou encontrar a palavra apropriada
Deixa que se desvendem céus sobre vozes e o silêncio
Deixa que a sombra cubra as sendas e a transparência
Ainda assim verás homens solitários, mulheres sozinhas
A vida é canção inescusável é preciso ferir-se, afundar
Buscar o estampido nunca pedir perdão de ser como é
"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)