Poemas : 

Vida que segue

 
Chegaste até mim com a brusca leveza da garoa
De gotículas que, oblíquas, flutuam aos ventos
E minha demência dança ao orvalho da planície
Sem almejar nenhum sonho de glória impossível
É nesse delicado castigo sobre relvas verdejosas
Que convido tua cálida nudez cristal para a dança
Olvidarmos as lágrimas de medo, dor e urgência
E numa explosão de cores, bailarmos pelo campo
Qual sorte que se lança, a provocar lembranças
Decifrei na tua boca as equações do verbo beijar
Luzes enfeitiçadas de tremeluzentes pirilampos
A iluminarem as curvas de teu corpo serpentino
Na paisagem coberta por nuvens em movimento
Os teus seios bem talhados me apontam o rumo
Mas se te fores será vez do verão partir contigo
E no frio do inverno me suicidar no pensamento
Apesar de tudo, tomado de imperdoável alegria
Sabendo que vais e voltas, qual a brisa da tarde
Permita-me, na real, vou preferir seguir vivendo


"Somos apenas duas almas perdidas/Nadando n'um aquário ano após ano/Correndo sobre o mesmo velho chão/E o que nós encontramos? Só os mesmos velhos medos" (Gilmour/Waters)


(*) verdejosas © Sergius Dizioli = verdejantes.
 
Autor
Sergius Dizioli
 
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Enviado por Tópico
Abissal
Publicado: 24/08/2023 23:38  Atualizado: 24/08/2023 23:38
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 Re: Vida que segue
O teu poema é uma cascata de inspiração
que nos leva leves pela beleza da corrente.
Abraço