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PANZER, UM FINAL DIFÍCIL

 
PANZER, UM FINAL DIFÍCIL
Fui o veterinário do Panzer, um fila brasileiro, desde 2 meses de idade, foi um cão magnífico para a raça! Desde novinho já mostrava uma paixão avassaladora pela Izaura, sua tutora; imaginem que para dormir o marido dela tinha que pedir autorização ao Panzer para deitar, já que a fera dormia ao lado da cama; quando vinha ao meu consultório para tomar vacinas, depois de adulto, só conseguia fazer o meu trabalho depois que a Izaura falava alguma coisa no ouvido do Panzer, nunca me contou o que falava pra ele. Sempre foi um cão muito saudável, mas o tempo foi passando, passando e com 12 anos sofreu, num tombo, uma fratura grave da coluna lombar; a partir daí não conseguiu mais andar. A Izaura tinha que arrastar o Panzer, para fazer sua higiene, um cão de aproximadamente 50 kg, já que fazia suas necessidades onde estava deitado. Isaura já tinha mais de setenta anos, essa tarefa era extremamente ingrata para ela e a cada dia que passava sua saúde ia ficando debilitada, por causa desse esforço em cuidar do cão, não admitia a hipótese da eutanásia; vendo esse problema resolvi ligar para o filho dela, que era militar e trabalhava em Brasília; expliquei para ele toda a situação e que havia chegado a hora de tomar uma medida triste, mas no caso necessária, já que o Panzer não ia mais andar e ia ter uma vida miserável daí pra frente. E que a mãe dele poderia vir a morrer, devido ao esforço de cuidar do Panzer e que no dia seguinte de sua morte, fariam a eutanásia do cão. O filho veio de Brasília e conseguiu convencer a mãe da necessidade de se tomar aquela atitude, já o que o Panzer não merecia aquele padecimento. Não coube a mim proceder a eutanásia, por motivos sentimentais, me senti impedido de fazê-lo.
Alguns meses depois Izaura, entra no meu consultório com um cãozinho, já adulto, mas bem pequeno, pesava uns 3 kg.
- Vou cuidar deste aqui, não sei viver sem um cachorro me atormentando. E ele é pequeno posso levá-lo onde eu for; se acontecer com ele o que aconteceu com o Panzer, não precisarei fazer com ele o que fiz com o Panzer, ele é pequeno dá para eu cuidar sem maior esforço. – Disse isso com um misto de tristeza e alegria no olhar.
11/11/2021

 
Autor
Frederico Rego Jr
 
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