Realmente não tenho asas
Uma observação que qualquer tolo pode fazer
Tudo se pode fingir se a viagem é sozinha o que te importa minhas asas de ouro
Na minha ração matinal
Tem os mesmos objetivos de qualquer vida
Uso o que tenho e isso definha meus sonhos
Na minha ração matinal
Vômito com espasmos no estômago
Gosto da mente como um balão, em paz
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Que lembrança darei ao país que me deu
tudo que lembro e sei, tudo quanto senti?
Na noite do sem-fim, breve o tempo esqueceu
minha incerta medalha, e a meu nome se ri.
E mereço esperar mais do que os outros, eu?
Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti.
Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu,
a vagar, taciturno, entre o talvez e o se.
Não deixarei de mim nenhum canto radioso,
uma voz matinal palpitando na bruma
e que arranque de alguém seu mais secreto espinho.
De tudo quanto foi meu passo caprichoso
na vida, restará, pois o resto se esfuma,
uma pedra que havia em meio do caminho.
— Carlos Drummond de Andrade, no livro “Claro Enigma”.
Maria Gabriela
A alma é tingida com a cor de seus pensamentos. (Marco Aurélio, meditação)
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