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indiferença

 
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é no silêncio da tarde
que envelheço, eu e meu dia
enterramo-nos nas sombras
e penso que na verdade
não sei quem me amou
nem sei se amei a quem devia

tudo deixo para trás
com um sabor nostálgico
final de viagem, em paz.

caminho que já não oferece
qualquer regresso
nem envolve qualquer esperança,
e o amor é perdida luz,
permaneço nesta letargia
desde quando as estrelas dormem
até à luz intensa do meio dia.

e é na tarde que meus dedos
adormecem, e esquecem
os anos vazios
e a cruel saudade
com cinzenta indiferença,
e da vida a profunda paixão
vai-se apagando dentro do coração

o vento o golpeou
e a solidão neste estado o deixou
com a nostalgia daquele que já
nada possui.

natalia nuno


Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira.
Johann Wolfgang Von Goethe



 
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rosafogo
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Enviado por Tópico
Gyl
Publicado: 21/11/2023 17:54  Atualizado: 21/11/2023 17:55
Usuário desde: 07/08/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 16075
 Re: indiferença
Não podemos negar que a maturidade, para a literatura, é uma benção. Se aprimora a escrita, se liberta dos arroubos na arte de confeccionar versos ,nos desprendemos da adjetivação excessiva e tecemos poemas com mais precisão e clareza. Obrigado pela partilha, Poetisa Natália.


Enviado por Tópico
Aline Lima
Publicado: 21/11/2023 18:49  Atualizado: 21/11/2023 18:49
Usuário desde: 02/04/2012
Localidade: Brasília- Brasil
Mensagens: 597
 Re: indiferença para Rosafogo
Querida Rosafogo,

"É no silêncio da tarde que envelheço, eu e meu dia..." - seu poema é um mergulho profundo na melancolia do tempo que avança. A maneira como você descreve o enterramento nas sombras, refletindo sobre amores passados e incertos, evoca uma atmosfera de introspecção e reflexão.
A descrição da imagem do amor como uma "perdida luz" e a letargia que se estende desde o sono estelar até a luz intensa do meio dia foi como apreciar um belo quadro poético da passagem do tempo.
A descrição dos dedos adormecidos na tarde, esquecendo os anos vazios e a cruel saudade, revela a inevitabilidade do envelhecimento e o peso da memória. O golpe do vento e a solidão deixam um rastro de nostalgia e perda, como se a vida, antes cheia de paixão, se apagasse aos poucos.
Agradeço por compartilhar algo tão tocante.

Beijinhos.
Aline.


Enviado por Tópico
Egéria
Publicado: 22/11/2023 07:47  Atualizado: 22/11/2023 07:47
Usuário desde: 28/09/2009
Localidade:
Mensagens: 900
 Re: indiferença
Olá,
claro que adorei como sempre...
Tão bom ler a sua poesia.
Beijinhos e continue a dá-la de beber...


Enviado por Tópico
Upanhaca
Publicado: 22/11/2023 08:40  Atualizado: 22/11/2023 08:40
Usuário desde: 21/01/2015
Localidade: Lisboa/loures
Mensagens: 8307
 Re: indiferença
A indiferença é o mal do seculo,
que afeta o dia-a-dia
de quem precisa dum abraço
dum afago e dum regaço,
pra afugentar os males da vida.

Belo poema! Gotei do que li, aqui.

Abraço,
Upanhaca


Enviado por Tópico
Alpha
Publicado: 22/11/2023 18:29  Atualizado: 22/11/2023 18:30
Membro de honra
Usuário desde: 14/04/2015
Localidade:
Mensagens: 1911
 Re: indiferença
Olá, Natália

Neste deambular pelo passado
Que a imensos lados levou luz
Estrelas dormindo a teu lado
Com tua bela poesia nos seduz!

Não escreve poesia quem quer, mas quem nasceu fadada para tal. Os teus poemas são como o cantar dos pássaros que sempre encontram novas melodias. Cantares esses que já te advém do tempo de criança. A saudade do tempo percorrido será sempre uma mais-valia na vida de qualquer um, mas por maioria de razão no teu, do encanto que trazes á poesia!

Beijinho