Poemas : 

Plural

 

As mãos em concha nas primeiras
palavras da manhã.
Anuncia-se um ruído de sombra
sentado na soleira da insónia sibilante.
Persistem os verbos partidos como o dia
desavindos como os cacos da taça sobre a mesa.

Nada de especial
afinal.

Adensa-se a chuva permanente
as cicatrizes encostadas à lógica das paredes
nos limites da linha d'água.
Os olhos entretêm-se com a movimentação da luz
e lembram a urgência das tintas
na reestruturação da voz.

Para que o silêncio nos encontre numa crença
que ainda exista em algum lugar.


 
Autor
idália
Autor
 
Texto
Data
Leituras
148
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
20 pontos
4
4
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Abissal
Publicado: 29/03/2024 15:32  Atualizado: 29/03/2024 15:32
Membro de honra
Usuário desde: 27/10/2021
Localidade:
Mensagens: 559
 Re: Plural
Gostei da leitura, os seus poemas sempre mexem com os meus sentimentos.
Uma santa Páscoa.

Abraço


Enviado por Tópico
agniceu
Publicado: 29/03/2024 17:32  Atualizado: 29/03/2024 17:32
Colaborador
Usuário desde: 08/07/2010
Localidade:
Mensagens: 568
 Re: Plural/ para idália
Faço minhas as palavras da Abissal.

Seus poemas sempre deixam uma marca de emoção no peito de quem os lê.
Fiquei com esta imagem das gretas e rachas das paredes como se fossem cicatrizes, também no peito, onde morava o amor existem essas paredes. Talvez ainda possa chegar a tempo o cirurgião das tintas, e consiga restaurar e disfarçar todas as cicatrizes, para que um dia possamos receber o amor no novo salão do coração.
Desculpe esta divagação.

Um abraço e uma Santa Páscoa.