Teu nome ressoava em minha memória
Tal qual a imagem de pássaros em revoada pelo infinito
E quis assim fugir de mim
Disparar feito ventania por entre as árvores
Balançando as folhas desprendidas no outono
Não me lembro de um único som
Que pudesse justificar essa ausência dorida que não cessa
Essa falta que sinto apertando o peito em saudade
E da maciez da minha pele contra a sua tez máscula
Que a um único toque transmutava o tempo e as horas
Perguntaste uma vez – apenas uma única vez
Se tudo duraria nem que fosse ínfimos instantes
E meus olhos se fecharam num disfarce calando a resposta
Porque acovardei-me tanto?
Nossos nomes de entrelaçavam
E sob uma resistência como a dos inimigos
Que não abandonam o front mesmo em face a derrota
Deixei-me navegar pela tua boca faminta
E perdi-me em teus labirintos, d’onde nunca mais me encontrei
O resto era esquecimento...
De tudo que poderia ter sido
De tudo que nunca foi
E daquele lenço, que guardaste em sigilo e que jamais me disseste
Mais tarde
Encontrei-o entre as páginas do teu velho livro,
Depositado na cabeceira do teu cinzento túmulo
Corroídas pelo tempo e pelo frio d’onde hoje jaz eternamente...