nesta rua onde me deito
escolhida num vazio
porque daqui vê-se o mar
e os meus olhos são um rio.
nesta rua onde me deito
coberta de mil estrelas
onde imagino me aconchegas
porque nesta rua onde me deito
a solidão tem sabor a lágrimas
tenho cobertores de loucura
procuro a tua voz entre ecos do tempo
sinfonias de outrora
onde as palavras proliferavam
em cadência ultrajadas
nesta rua onde me deito
não há frio, não há cor
perdeu-se no espaço de mim
nada existe, não há calor
somente o vazio, a dor
nesta rua onde me deito
não há nada, nem lamento
somente um corpo, morto
num mundo inventado, de azul
nesta rua onde me deito
o meu final
espreito
nesta rua onde me deito!
Fátima Santos