
Vejo-te
Pelas frestas de nuvens prateadas,
quente... tão quente,
que parece rosnar para que eu sinta tua chegada,
de imponente brilho, com sua enorme face
fragmentada,
concêntrica como rodas de aço
amassando trilhos.
Vejo-te
nas areias brancas de um céu azul-anil,
com teus raios trêmulos
transpassando as águas de um rio.
Porém, eu terei de partir, pois
daqui o meu "eu" há muito já partiu, e
estou cada vez mais vazio
e mais longe de ti.
Minhas palavras já estão tortas
e descabidas — como descabidos são
os caminhos que trilhei nesta vida.
Dói-me tanto o coração, que se uma lágrima rolar
na minha face e cair na minha mão,
não me culpes, não.
Já não há mais cor na minha tez,
somente as sombras entre tua luz a buscar
meus lábios de puro marfim,
neste amor mundano que se desfez
e que agora agoniza em um seco jardim.
Triste, este desfecho,
neste coalhar das minhas memórias.
E eu nunca deixarei de pensar em ti,
nas lindas lembranças da nossa história,
martirizando-me neste triste fim
e neste vazio que há dentro de mim.
Alexandre
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