Poemas : 

Animalia

 
Há uma mulher que me habita
e outra que me espreita.
Uma se despede sem ter vindo,
outra acende fósforos na língua
e chama isso de reza.

Sou as que correm,
com os pés cortados
e a boca cheia de dentes.
Sou as que ficam,
mas nunca repousam.

Não me reconheço no espelho,
mas percebo a floresta que ele guarda.

Quando me calo, um bicho dança.
Quando sorrio, uma faca range.
Quando durmo, todas me sonham.

Não me reduzam. Sou pele e avesso,
ruído, sopro, corcéis, ferrugem e fúrias.
Não me dobro ao jogo,
escavo, rebolo, rasgo, amplio o tabuleiro.

Sou a noite que não se deixa ser dia.
E, se mordo, é por fome, susto, prazer ou zelo.


 
Autor
Aline Lima
 
Texto
Data
Leituras
83
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
5 pontos
1
2
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
AlexandreCosta
Publicado: 23/05/2025 10:37  Atualizado: 23/05/2025 10:37
Colaborador
Usuário desde: 06/05/2024
Localidade: Braga
Mensagens: 815
 Re: Animalia
Até as palavras mordem :)

um bom dia, Aline