Poemas -> Intervenção : 

O silêncio nas engrenagens

 
Há um silêncio que range
Entre os dentes das engrenagens,
Como se a vida mastigasse devagar os instantes.
Não é ausência de som,
Mas uma pausa suspensa
Entre um suspiro e outro do mundo.

Enquanto a máquina da existência hesita,
O silêncio mora nos intervalos,
Feito semente no asfalto,
Sonhando com raízes
Que rompem a precisão do ferro.

O barulho do mundo é constante,
Mas é no quase ruído que nos revelamos,
Somos mais do que movimento:
Somos espera, falha, vertigem.

Entre o tic e o tac,
Há uma eternidade calada.
Ali, o coração se pergunta:
Isso é vida, ou apenas o hábito de continuar?

O silêncio nas engrenagens
Não é defeito,
É memória, é escuta,
É a alma da máquina que por um instante
Lembra que também já foi humana.

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

www.odairpoetacacerense.blogspot.com

Instagram
@poetacacerense
 
Autor
Odairjsilva
 
Texto
Data
Leituras
197
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
13 pontos
3
1
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
iLA
Publicado: 12/06/2025 01:28  Atualizado: 12/06/2025 01:29
Colaborador
Usuário desde: 25/11/2024
Localidade: Brasil
Mensagens: 707
 Re: O silêncio nas engrenagens
.
.
.

.

sua humanidade tão latente e presente me surpreende por fazer lembrar o quão é precioso esses silêncios e a lembrança de ser raiz.



iLA 🌻


Enviado por Tópico
MÁRIO52
Publicado: 12/06/2025 22:45  Atualizado: 12/06/2025 22:45
Colaborador
Usuário desde: 24/02/2025
Localidade: PORTO-PORTUGAL
Mensagens: 517
 Re: O silêncio nas engrenagens
A engrenagem está sempre bem montada, para nos distrair da essência do real, e nos atordoar com ruídos inócuos.

Excelente poema, amigo poeta.

Parabéns!

Abraço fraterno.

Mário Margaride