No reverso do vento
existem sopros de ecos inconfessos
como se o silêncio devorasse o canto dos corvos
e
em cada folha de outono
rasgasse a fenda invisível entre a saudade e o grito.
Caminho por linhas fragmentadas
onde a luz vacila
hesitante
manchando de sombra o rosto do tempo.
No reflexo das águas antigas
renascem vozes que morreram
cartas jamais enviadas
flores a sangrarem cores
que o esquecimento não consome.
O tempo dobra-se sobre si mesmo
e eu
desdobrada sobre ele
sou presença e sou distância
sou voo
onde tudo o que sou
se perde
e se refaz.