É assim o mapa da ausência.
Desenha caminhos
com dedos trémulos
mas esquece
os nomes das cidades.
É assim o corpo sem norte.
Carrega o peso das estações
sem saber onde começa o inverno.
É assim o corpo sem casa.
Veste paredes
como quem procura abrigo
mas encontra somente o frio de móveis esquecidos.
As mãos procuram o que já foi dito
mas apenas encontram o eco dos gestos.
É assim o tempo do corpo.
Marca os dias com rugas suaves
e os sonhos com calendários rasgados.
É assim o corpo do tempo.
Na penumbra das horas quebradas
cultiva silêncios
como flores secas
e espera que a memória os regue.