meus versos alçam vôo
sobre o cansaço da minha jornada
e vão onde não vou,
partem das minhas mãos
logo p'la alvorada
às vezes olho as últimas estrelas
cicatrizes das dores do universo,
palpitam minhas veias feridas
solto palavras em verso
é preciso florear os caminhos
espreitar por todas as nesgas o céu
esquecer os espinhos
soltar os ais que a vida não gastou
esquecer tudo o que desfraldou
libertar as consoantes e vogais
que ainda flutuam no voo dos dedos,
deixar nas saudades os ais
acalmar os sons dos medos
tudo o que fomos se cruza na mente
e uma lágrima seca surge de repente
na tíbia memória dos meus olhos,
onde a saudade mora
despenham-se versos da imaginação
sem formosura e sem demora
que são apenas rumores
- deste velho coração.
natalia nuno
Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira.
Johann Wolfgang Von Goethe