Poemas : 

Fragmento em contraluz

 



Rasguei a ausência
com dedos lentos
como quem se despe do tempo.

Aprendi a pele
na fricção suave dos dias

mesmo os dias que sangravam.

Aquele verão tinha margens de sal
e procurávamos terra
em bocas de fruta

sem polpa
sem perdão.

Tu eras voo
entre raízes.

Eu
um mapa sem norte
a tropeçar em sombras verdes.

Hoje
somos silêncio em trânsito.

O teu olhar
promessa aérea

o meu corpo
véu em combustão.

Neste lado da memória
o sol pisca palavras quebradas.

E a borboleta
imóvel
e sábia

murmura nomes esquecidos
sem idade
e sem língua.

No outro lado do tempo
a tarde escorre

como rio que não sabe
onde começa o mar.



 
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idália
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