A tarde encosta-se à janela
na quieta hesitação dos ponteiros.
O sol espalha palavras
que não ouso decifrar
como se a luz tivesse segredos
guardados nos ramos.
A rua canta
com passos de água
e os nomes deslizam nas vozes
como folhas à deriva.
O silêncio aperta-me as mãos
com a ternura de quem conhece
cada ausência escondida.
Olho o verde
que se eleva.
Tento lembrar-me
do que sou
[ reflexo de quem se vê.]
Talvez o tempo me escreva
devagar
sobre esta página em branco
voz do silêncio
à minha espera.