Ainda ouço o ranger da cadeira
onde alguém
já não se senta.
A luz da janela
inclinada
repete os contornos do tempo
como se quisesse desenhá-lo de novo
sobre esta ausência
que não se apaga.
Há vozes
no fundo das gavetas
camisas com o cheiro da partida
e cartas
que já perderam o nome
de quem chamavam.
O chão guarda os passos
e a saudade cresce nas paredes.
Hera
que ninguém podou.
Não sei se dói mais o que foi
ou o que ainda insiste em ser.