Alguns me julgam pela aparência,
e outros pelo meu modo de falar.
Uns pelo peso de minha ausência,
mas muitos pelo meu jeito de amar.
Mas hoje me liberto e seguro,
sem medo, com a verdade na mão.
Descrevo meus sonhos no escuro
e as mágoas presas no coração.
Não é questão de vaidade,
é só vontade de cultivar,
talvez buscar cumplicidade,
talvez ter algo pra segurar.
Apesar de cair nos enganos,
sou de alma limpa, sem maldade.
E sigo, entre versos humanos,
tentando levar só a bondade.
Encontrei na poesia minha paz,
meu porto seguro, meu cais.
O que não digo a muitos, eu confesso:
na escrita minha alma se desfaz.
Sou filho da rua e da madrugada,
amigo da solidão e do vento.
Trago no peito cada cicatriz marcada
e faço do verso meu sustento.
Vivi quedas, amores e ausências,
colecionei saudades e feridas.
Se não deixei herança em riquezas,
deixo meus poemas — e neles, minha vida.
E ao meu Deus, eu me curvo e confesso:
fui fraco, caí, tentei andar só.
Perdão, Senhor, por cada tropeço,
por cada passo que tentei seguir calado.
Sustenta-me com Tuas mãos firmes,
acolhe meu pranto no Teu altar.
Renova em mim um coração simples,
que apenas no Teu caminho queira andar.
De Ti jamais quero me afastar,
contigo quero viver e sonhar.
Se Tu fores meu guia e meu abrigo,
Teus louvores minha voz vai entoar.
E se um dia o peso me derrubar,
sei que é nos Teus braços que vou descansar.
Porque desde o princípio és minha aliança,
meu Deus, meu Pai, minha eterna esperança.