Poemas : 

O Ultimo Adeus

 
Tags:  amor    saudade    dor    tristeza    esperança    felicidades  
 
Ainda ouço teu riso nas esquinas do vento,
como se o tempo me debochasse,
devolvendo em ecos o que eu mesmo destruí.
Fui o incêndio e o deserto —
te dei calor demais e sede depois.

Teu nome não me vem mais pelos lábios,
mas vive nas margens de tudo que escrevo,
feito sombra que não me abandona,
mesmo quando finjo não te ver.

Fui cruel sem perceber,
troquei teus silêncios por orgulho,
tuas lágrimas por respostas tardias,
e quando o amor pedia abrigo,
eu erguia muros com medo de sentir.

Agora, quando a noite pesa no peito,
me deito nas cinzas do que fomos,
tentando achar na memória o cheiro
do que deixei morrer por descuido.

Há dias em que juro te esquecer,
mas basta o cheiro de chuva na rua
pra tua voz voltar no vento,
me chamando de novo —
e eu, burro, atendo.

Ficaram tuas promessas,
as cartas que não tive coragem de enviar,
as desculpas que guardei pro dia certo
— e ele nunca chegou.

O amor virou cemitério,
e cada lembrança tua é uma flor morta
que eu insisto em regar com culpa.
Mas, talvez,
esse seja o preço de quem ama errado:
viver pra sempre com o perfume
do que não volta.

E mesmo assim,
se eu pudesse te ver mais uma vez,
aceitaria o mesmo fim,
a mesma dor,
o mesmo adeus —
porque agora eu sei:
não foi o destino que nos matou,
fui eu.


Kaique Nascimento


 
Autor
KaiiqueNascimentto
 
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